Por Nildo Carlos Oliveira
Bem, o governo federal, lança hoje, 29 de março, a versão 2 do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC. A ideia é amarrá-lo de tal modo, que a próxima administração federal não tenha como desamarrá-lo e, assim, provocar-lhe descontinuidade desastrosa.
A ideia seria boa, caso o programa atualmente em curso, o PAC 1, não apresentasse tantos furos e não estivesse, do ponto de vista de prazo, já comprometido. A nova versão deverá destinar recursos para resolver problemas que se aguçaram no verão recente e nesse começo de outono, em diversas cidades brasileiras. As chuvas torrenciais expuseram as vulnerabilidades de equipamentos urbanos e demonstraram que o saneamento básico tem sido, para faixas enormes da população, apenas sinônimo de calamidade pública. O PAC 2 traria, no bojo, alguma promessa de remédio para isso.
Mas, a exemplo do que ocorre na primeira versão, a segunda jamais poderá ser tocada unilateralamente. Não depende somente da vontade do governo. Para fazê-lo andar, terá de contar com a participação de governadores, prefeituras, empresas e usuários. Vai depender de licitações limpas, planejamento, projetos de obras bem elaborados e orçamentos que não sejam solapados pelos clássicos aditivos ou outras espertezas dentro ou fora dos editais. E terá de recorrer ao processo de melhoria de mão de obra.
Mas, há outros obstáculos que terão de ser superados. No caso, por exemplo, dos recursos para moradia, os projetos precisam se ajustar à realidade urbana tendo em conta revitalizações de áreas degradadas, implementação de meios de transporte para bairros afastados e uma política econômica que reduza o desemprego e, ao mesmo tempo, assegure o poder aquisitivo.
Lastimavelmente, esse tipo de programa tem uma marca de nascença: o interesse eleitoreiro. Nessas circunstâncias, seus responsáveis têm duas tarefas imediatas junto à opinião pública: erradicar essa marca e provar, todos os dias, obra a obra, que ele não é uma falácia.
Fonte: Estadão
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