Os reflexos são diretos no Brasil ou em qualquer país do mundo onde a infra-estrutura, fundamental ao movimento da cadeia produtiva, seja colocada em segundo plano. O país fica sem instrumentos para se desenvolver e, dentre as empresas que poderiam ativar essa possibilidade, as de engenharia e planejamento precisam ganhar espaço e relevância. Os últimos dados apresentados pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), deste ano, mostra o Brasil em 69º lugar, figurando, na América Latina, abaixo da Argentina, Chile, Uruguai, Costa Rica, Cuba e México. As causas que levam o País a essa colocação em ranking de tal natureza estão à vista: se registra alguma melhoria episódica no campo da pobreza por conta de programas assistencialistas, no geral afunda em dois problemas que são cruciais para um povo que quer crescer: tratamento de esgoto e abastecimento de água tratada, os dois pilares, dentre aqueles principais da infra-estrutura, que respondem diretamente pela saúde da população. E, conforme se conclui do relatório do Pnud, um dos gargalos para melhorar a posição brasileira no IDH é a questão do saneamento, que há anos está à míngua de recursos e longe de ser universalizado. Quanto ao abastecimento de água tratada, dois nomes internacionais – Kemal Dervis (administrador mundial do Pnud) e Trevor Manuel (ministro de Finanças Públicas da África do Sul) – destacam: atualmente 1,1 bilhão de pessoas não têm acesso a água potável para beber, tomar banho ou cozinhar. Conseqüências funestas dessa situação: cerca de 2 milhões de crianças estariam morrendo a cada ano porque suas famílias não têm acesso à água potável. É a lógica da insensatez. Porque a lógica da sensatez é o direcionamento de políticas públicas de longo prazo para o crescimento sustentável, capaz de diminuir as desigualdades sociais e regionais. A Revista O Empreiteiro, considerando a importância da engenharia no contexto da necessidade do desenvolvimento brasileiro, homenageia, na edição deste mês, as Empresas de Engenharia do Ano: a Racional Engenharia, a Logos Engenharia e a Techint Engenharia. A Racional, hoje com 35 anos de atividades, tem um amplo histórico de obras realizadas em São Paulo e em outras regiões do País. Lembramos as instalações da Villares Indústrias de Base, em Pernambuco; o Clube Mediterranée, na Bahia; os estúdios da Rede Globo e do Shopping Paulista, em São Paulo; as obras para os Jogos Pan-americanos 2007, no Rio de Janeiro, e tantas outras. Elas confirmam o acerto da linha de trabalho que Newton Simões, presidente e fundador, vem imprimindo à empresa, desde que a constituiu, no começo da década de 1970. Um de seus lemas é a integração da equipe e um de seus objetivos e posicioná-la a fim de que, “quanto mais velha, mais pareça jovem”. Não é diferente o caso da Logos, que desde 1970, a partir de experiências em obras hidrelétricas e em outras como Angra I e o projeto ferro Carajás, teve o nome difundido em todo o território brasileiro em razão da qualidade da engenharia aplicada em seus trabalhos como gerenciadora. Essa característica tem sido um traço permanente da empresa, conforme assinala Carlos Augusto Blois Pera, diretor presidente: “Queremos consolidar nossa estratégia para crescer e continuar o nosso trabalho. Para isso, investimos na capacitação de nosso pessoal”. E a Techint, é bom assinalar, incorpora parte significativa da história da engenharia de montagem industrial brasileira nos últimos 60 anos. Nesse período, tem proporcionado soluções a obras da maior complexidade técnica, incluindo projetos off shore para a Petrobras. Tem estado presente em todas as refinarias da estatal e nos demais segmentos onde ela tem operado. Além disso, participa de obras em campos como siderurgia, mineração, energia e saneamento, credenciando-se como empresa de engenharia global. Conforme assinala Ricardo Ourique Marques, diretor geral: “Somos uma empresa multinacional e nossa perspectiva é o crescimento”. É com exemplos de empresas assim, que o Brasil, desde que haja políticas públicas de longo prazo, pode avançar e mudar a posição desconfortável que hoje preserva no Índice de Desenvolvimento Humano, da ONU.
Fonte: Estadão