Imagino que nunca será fácil para o Instituto de Engenharia escolher todo o ano, como fato mais auspicioso das comemorações do Dia do Engenheiro (11 de dezembro), o que tradicionalmente chama de Eminente Engenheiro do Ano. Essa tarefa torna-se ainda mais difícil, se considerarmos que a entidade se aproxima rapidamente do patamar de um século de atividades. Hoje, o IE registra 94 anos de funcionamento.

A galeria dos Eminentes Engenheiros do Ano, inaugurada em 1963 com a escolha de Oscar Costa, mostra a diversidade e a dificuldade da seleção. Claro que às vezes o trabalho não pode ser comparável à busca de uma agulha no palheiro. Mas esbarra em obstáculos notórios: as idiosincrasias de cada um; a análise do trabalho profissional desenvolvido pelo eventual candidato; os critérios que tangenciam as dissimuladas ou explícitas preferências políticas; o cargo público que acaso o candidato está ocupando; o momento político e econômico da escolha; a capacidade de liderança daquele que poderá ser o escolhido.

São muitas e compreensíveis as sutilezas das escolhas. Algumas nem sequer carecem de maior questionamento, tal a constatação de que o escolhido não poderia ser outro. Como questionar nomes como os de Lucas Nogueira Garcez, Alberto Pereira de Castro, Telêmaco Van Langendonck, Milton Vargas, Bernardino Pimentel Mendes, Celestino Rodrigues, Francisco Romeu Landi, Eliezer Batista, Antônio Ermírio de Moraes, Augusto Carlos de Vasconcelos, Cristiano Kok e mais alguns? Nem sempre, entretanto, as escolhas acertaram na mosca.

Há alguns dias, quando o presidente do IE, Aluizio de Barros Fagundes, disse-me que a escolha, para recebimento do título, este ano, já fora feita – e declinou o nome do escolhido – José Roberto Bernasconi – a observação foi de que o acerto era de tal ordem, que dificilmente alguém duvidaria que a flecha estaria um milímetro que fosse fora do alvo.

Bernasconi, engenheiro disciplinado, estudioso e afinado, desde que ingressou na profissão, com as questões mais complexas da vida da categoria, tem ao longo de sua trajetória, até aqui, estabelecido uma ponte entre o seu pensamento como homem dedicado às causas da Engenharia, às questões sociais e políticas de seu tempo. Para dar conta do acerto da escolha, vão aqui, alguns dos pensamentos do engenheiro:

“… a Engenharia não tem sido respeitada e nem utilizada da melhor maneira no Brasil.”

“Perdemos o hábito de planejar! Planejar é pensar antes e, quem pensa antes, executa melhor.”

“Somos engenheiros e cidadãos, sempre. Mas há momentos e períodos em que temos de ser substantivamente cidadãos e, adjetivamente, engenheiros. O exercício do ser cidadão-engenheiro é a prática quase centenária desta casa (IE).”

“Notem: 2050 é uma boa meta. Se alguns acham que está muito distante, devo lembrar a todos que hoje, em 2010, estamos à mesma distância temporal de 2050 e de 1970… 40 anos passam muito rapidamente. Em 1970 éramos 90 milhões em ação. Hoje, somos 190 milhões e seremos, em 2050, talvez 240 milhões.”

Essas frases foram extraídas do discurso de Bernasconi, dia 13 último, quando recebeu o título. Nele, criticou as falhas no processo do crescimento brasileiro, que invariavelmente negligencia o planejamento como peça fundamental na orientação do trabalho de costura dos diversos fios da meada para se conseguir um projeto de Nação.

Ele ilustrou esse raciocínio recorrendo ao exemplo de Londres nos preparativos para projetar e construir o Parque Olímpico para 2012, dando informações precisas sobre o que lá está sendo feito do ponto de vista das obras para a garantia da Olimpíada e para proporcionar, àquela capital e aos seus habitantes, o legado de um trabalho que recupera uma ampla área degradada pela guerra. Enquanto isso, por aqui, a Copa do Mundo e a Olimpíada batendo à porta, o Brasil não avança satisfatoriamente para garantir o êxito e o legado desses eventos.

Futuro é planejamento. Esse é o entendimento do Eminente Engenheiro do Ano de 2010.

Frase da coluna

“A revista O Empreiteiro tem sido crítica implacável das mazelas constatadas, ao longo dos anos, em nossa infraestrutura. Mas tem sabido dosar essa crítica, à análise da competência da Engenharia brasileira.”

Do engenheiro Cristiano Kok, presidente da Engevix, que recebeu, dia 14 último, o título de Empresa Projetista e Gerenciadora do Ano.v

Empresas de Engenharia do Ano

• Jean Lüscher Castro, presidente da Galvão Engenharia (Construtora do Ano), reitera: “Precisamos formar gente. Estruturar quadros para a Engenharia. Máquina e insumos podem ser comprados, mas gente, não. E é de gente formada e capacitada que vamos assegurar o nosso desenvolvimento.”

• Ricardo Ribeiro Pessôa, presidente da UTC, diz que a empresa vem atuando naquelas pontas estratégicas que garantem a respiração da economia.

• João Abukater Neto, ao agradecer o Prêmio Insfraestrutura Social do Ano conferido pela revista O Empreiteiro à CDHU, lembrou a importância das equipes técnicas da empresa.Entre alguns empresários, o comentário é de que, nessa atual fase de transição da administração estadual, o governador Geraldo Alckmin precisa considerar o papel de equipes técnicas na área da engenharia. A continuidade do trabalho dessas equipes é a garantia da continuidade de programas habitacionais que a CDHU está executando.

Estádio do Cotinthians

O estádio, previsto como um meio para induzir e organizar o crescimento da região paulistana de Itaquera, se apóia em três bases para se tornar uma das melhores e modernas arenas esportivas brasileiras: projeto de arquitetura do escritório CDC Arquitetos, do RJ, comandado pelo experiente e criativo Aníbal Coutinho; projeto estrutural do escritório do engenheiro calculista alemão Werner Sobek, que tem se dedicado a pesquisas de novos materiais que combinem maior vida útil com efeito estético, e atendimento às questões ambientais e construção a cargo da Construtora Norberto Odebrecht.

Petrobras

José Sérgio Gabrielli, presidente da estatal, quer aprofundar a discussão em torno do plano de negócios da empresa para o período 2011-2015. Ele acha que o volume de US$ 69 bilhões, para obras, previsto para o ano que vem, precisa ser aumentado.

Racional Engenharia

Retrato, em números, da Racional Engenharia, segundo o seu presidente, Newton Simões: a empresa completa 39 anos de atividades ininterruptas; participou de cerca de 550 obras, dentre as mais importantes, em diversas categorias, incluindo plantas industriais, shoppings, hotéis, resorts, edificações para fins de saúde, educação e cultura e registra mais de 7 milhões de m² construídos nesses segmentos.

As expectativas da TKK

Samuel Fernando Scalise Miranda, diretor da TKK Engenharia, diz que o Brasil tem obras para, pelo menos, os próximos 20 anos. “São obras importantes, refinarias, entre elas. Mas o País não pode falhar. Se não houver continuidade, o retrocesso é inevitável e, aí, recuperar o tempo perdido será tarefa para muito mais do que 20 anos”.

Nome novo na Constran

A Constran está remontando e rearticulando importantes quadros técnicos para desenvolvimento de sua engenharia. Acaba de agregar às suas equipes, o engenheiro Sérgio Soares de Souza, que tocou importantes obras de engenharia, em anos passados.

Chuvas 1

Administrações públicas não têm aprendido nada com as chuvas que ao longo deste e de outros anos provocaram tragédias pelo País afora. Passadas as inundações e os desmoronamentos, sepultados os corpos e dissimuladas as cicatrizes, a constatação é de que o dinheiro é curto, a infraestrutura de serviços locais para prevenir outras ocorrências continua a mesma e que a melhor solução “é deixar tudo como está para ver como é que fica”.

Chuvas 2

A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico aferiu, a partir de dados recebidos dos 5.564 municípios do País, que há 1.933 cidades com graves áreas de risco. E, dentre os riscos detectados, o mais comum é a falta de infraestrutura de drenagem. Chove, a água não tem por onde percolar, deriva para os pontos que minam o subsolo e, como não há obras de prevenção e proteção, ocasiona os desmoronamentos.

Conferência do Clima

A Conferência do Clima tem sido assim: há os preparativos internacionais custosos com a escolha do país para o encontro; o comparecimento onera o Tesouro, por mais rico que seja o país a encaminhar seus representantes, sempre numerosos demais para resultados de menos; e tudo termina conforme estava previsto, pois as decisões, sej

am elas quais forem, dependem do humor de um ou dois países que aparentemente estão dando de ombro para as questões climáticas. De qualquer modo, o roteiro turístico é atraente: Copenhague, Cancún e, agora em 2011, Durban, na África do Sul.

Personalidade da Tecnologia

O engenheiro Luiz Roberto Batista Chagas, da Odebrecht, recebeu o Prêmio “Personalidade da Tecnologia”, conferido pelo Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo como reconhecimento pelo que tem realizado ao longo de 40 anos de atividades profissionais. Chagas é considerado responsável por várias obras importantes das fases de expansão nacional e de internacionalização da Odebrecht.

O trabalho estilizado de Fred Gelli

Fred Gelli, formado em desenho industrial e comunicação visual pela PUC RJ e diretor de criação da agência Tátil Design de Ideias, desenvolveu um trabalho que considera uma síntese do Rio de Janeiro: o Pão de Açúcar, a alegria e as mãos dadas da população. No conjunto, a transposição dessas ideias para a logomarca da Olimpíada de 2016. O povo aprovou. E, se o povo aprovou, as contestações ficam à margem.

Fonte: Estadão