Em apenas sete anos a Skanska Brasil obteve posição de
destaque na Engenharia brasileira
Uma empresa com a expectativa de faturar mais de R$ 800 milhões em 2009, que tem clientes de peso como a Petrobras, conta com mais de 3.200 funcionários e conseguiu passar pela recente crise econômica sem sustos graças à eficiente análise de riscos, já tem motivos de sobra para comemorar. E se a empresa conseguiu lugar de destaque na Engenharia nacional em apenas sete anos o feito é ainda mais expressivo. Essa é a Skanska Brasil, eleita no segmento de Montagem Industrial na edição especial Empresas de Engenharia do Ano, publicada anualmente pela revista O Empreiteiro.
A Skanska é uma empresa de origem sueca, fundada há mais de 130 anos, que surgiu ligada inicialmente à indústria de cimento e que mais tarde se voltou à Engenharia. O caminho para buscar novas fronteiras além da Europa começou a ser trilhado há pouco mais de 20 anos e foi muito bem sucedido, levando a empresa a ter atualmente uma participação expressiva tanto no mercado europeu como nas Américas, em diferentes segmentos.
Antes de se instalar na América Latina, a empresa já atuava em projetos hidrelétricos no Peru, Venezuela, Panamá e Colômbia, gerenciados pela matriz na Suécia. Foi apenas em 1998 que a Skanska adquiriu do grupo Perez Companc a empresa argentina Sade, se fixando definitivamente na América Latina e iniciando um forte movimento de expansão.
No Brasil, a empresa já participava, no início da década, de alguns projetos como investidora e liderava a construção da hidrelétrica Ponte de Pedra, no Mato Grosso, e da termelétrica Breitner, no Ceará. Mas foi apenas em 2002 que se instalou formalmente no Brasil e começou a crescer, com foco principalmente nos segmentos de energia, óleo e gás. Na área de energia a empresa participa de projetos de linha de transmissão, termelétricas e diversos serviços em hidrelétricas. Em óleo e gás, atua na implantação de refinarias, dutos, plantas de tancagem, além de prestar serviços de manutenção, atualmente, em unidades da Petrobras em Mossoró (RN) e Macaé (RJ).
Momento da consolidação
Como em toda empresa nova, seja ela multinacional ou não, o início de suas operações sempre gera uma certa desconfiança no mercado. E não foi diferente com a Skanska. Justamente por isso, um dos projetos mais marcantes para a empresa foi a implantação da unidade de coque da refinaria Duque de Caxias (Reduc), entre 2005 e 2007, que a levou a consolidar sua posição. "Embora a empresa fosse conhecida mundialmente, ao se instalar no Brasil, nos primeiros três a quatro anos precisou demonstrar que estava à altura do seu nome no exterior. E foi no projeto de coque na Reduc, sem parceiros, que demonstramos nossa capacidade. Até esse ponto, o mercado ainda estava de olho em nós, analisando nosso comportamento e performance, mas depois dessa obra nos tornamos referência nos mercados de óleo e gás e energia. A Petrobras acreditou na empresa e nós entregamos a maior unidade de coque que ela possui em operação. E tivemos recordes como 3 milhões de homens hora trabalhadas sem acidente com afastamento, apesar de, no pico da obra, cerca de 2.800 pessoas conviverem em um espaço confinado", lembra, orgulhoso, Alfredo Collado, presidente da Skanska Brasil.
Outro projeto considerado emblemático foi a construção do gasoduto Urucu-Manaus (trecho B2, Anamã e a capital amazonense), uma obra de 186 km executada em parceria com a Camargo Corrêa. Iniciada em 2006 e concluída em agosto passado, a obra foi marcante por conta das dificuldades inerentes à selva amazônica. O forte calor, umidade que chega aos 95%, grande número de insetos, variações dos níveis das águas nos grandes rios, lagos e igarapés, que em alguns casos chegam a mais de 14 m, foram alguns dos desafios naturais vencidos. A eles se soma a falta de infraestrutura na região, tendo somente os meios fluviais ou aéreo para transportar os profissionais que trabalharam na obra – foram 4.800 na fase de pico – os insumos e os equipamentos. Os centros produtores e fornecedores de máquinas e de mão-de-obra especializada ficam a quase 3.000 km de Manaus. Equipamentos pesados foram importados também da Argentina e dos Estados Unidos. A Skanska adotou uma logística sem precedentes, o que garantiu a realização da obra dentro do prazo contratual.
O projeto da termelétrica da Petrobras em Cubatão (SP), dentro da refinaria, também é considerado um marco, por ser um dos poucos EPCs da estatal, e atualmente está em fase de conclusão. "Compramos os equipamentos críticos e somos responsáveis por toda a engenharia, civil e montagem. Fazemos com equipes próprias todas as atividades consideradas caminhos críticos", explica Collado. As demais atividades são subcontratadas.
Estratégia inicial
Montar uma empresa que depende de mão-de-obra especializada e atende a clientes com elevado padrão de exigência técnica, como a Petrobras, não é fácil. Por esse motivo, a estratégia inicial para conseguir reunir as equipes necessárias à operação da Skanska Brasil incluiu diversas ações. Alguns funcionários dessa primeira fase já tinham suas próprias equipes, que foram incorporadas à nova empresa. A Argentina também ajudou, enviando especialistas em segurança, qualidade e soldagem. A outra abordagem para atrair talentos foi com o trabalho intenso da área de recursos humanos, inclusive desenvolvendo um programa de jovens profissionais, que deu bons resultados e hoje é motivo de orgulho.
"Também temos tentado nos diferenciar dos concorrentes dando oportunidades para o desenvolvimento e tornando o dia a dia do funcionário o melhor possível. Afinal, ele passa mais tempo aqui do que em sua casa. E temos um compromisso com a segurança desse funcionário, que sai de sua casa e deve retornar a ela nas mesmas condições em que saiu", comenta Collado. As ações incluem a visita dos diretores e do presidente aos projetos, pelo menos uma vez por mês. "O êxito ou fracasso começa em campo, não no escritório. O presidente mundial quando vem aqui também coloca o macacão e visita os projetos", comenta. A diversidade também é fundamental e inclui mais de 20% de participação feminina. Aliás, as mulheres se destacam na área de soldagem.
Longe da crise
"A indústria de construção, em geral, tem que trabalhar com uma carteira de contratos que represente entre um a dois anos de faturamento. Então a verdadeira crise da construção virá somente em 2010, para aquelas empresas que não conseguiram renovar sua carteira, por conta da demora para fechar novos contratos no primeiro semestre do ano. Mas a Skanska não deverá enfrentar dificuldades, principalmente pelo fato da crise não ter tido grande impacto na Petrobras, nosso maior cliente, que apenas adiou alguns projetos por poucos meses", diz Collado. O fato da empresa ser de grande porte também a ajuda a sobreviver a eventuais crises de forma controlada, com apoio da matriz na Europa, que fornece análises de riscos e estudos sobre cenários futuros.
Aliás, essas análises foram fundamentais para que a unidade brasileira não fosse pega de surpresa pela crise. "Desde meados de 2008 recebíamos sinais sobre a necessidade de termos cuidado em relação à possível inadimplência e também a respeito do adiamento de projetos", comenta Collado.
Na Europa, onde a empresa atua na construção de imóveis residenciais e prédios comerciais, a crise atingiu a empresa com mais força. Já nos Estados Unidos a empresa tem forte participação no mercado predial voltado às edificações comerciais, mas como os grandes clientes passaram a ser o governo e universidades, o impacto foi minimizado. Na América Latina a empresa atua apenas nos segmentos de óleo & gás e energia, herança da Sade argentina, que era especializada nessas áreas. "A Skanska sempre pensou em construção como um negócio local. Não é porque a empresa constroi prédios na Europa que deve repetir isso no Brasil. Tudo depende dos times e equipamentos em cada local. A cultura da empresa, a forma como interage e seus códigos de ética é que são mundiais", comenta Collado.
A experiência que a unidade brasileira aproveita da matriz diz respeito a análise de riscos, uma atividade considerada de extrema importância atualmente. O conceito de risco inclui aspectos técnicos, financeiros, ambientais, de segurança, qualidade e ainda os ligados às modalidades de contratação. "Para cada projeto são semanas e semanas de análise regional e também na Suécia, que tem equipes próprias para isso. A análise de risco hoje, no mundo do EPC, é até mais importante do que a formação do preço", explica Collado.
Crescimento planejado no futuro
E qual seria o futuro da Skanska, depois de obter tantos êxitos em tão pouco tempo? Collado afirma que um dos objetivos da empresa é obter participação mais homogênea na América Latina. "Contemplamos aquisições no Brasil e em outros Países de empresas com capacidades espec&
iacute;ficas que vão nos ajudar em um crescimento planejado. Também pretendemos incorporar novas especialidades por aquisição ou alianças estratégicas. Não queremos dobrar de faturamento de um ano para outro, porque trabalhamos com base em análise de risco. Também não pretendemos ser a maior do Brasil. Queremos, im, é ser referência em construção", informa. Segundo ele, ainda existem muitos caminhos a serem trilhados pela empresa e um dos passos nesse sentido é ter 100% da diretoria local formada por brasileiros, o que incluirá em algum momento, inclusive, a substituição de Collado, que mora no Brasil desde 1995 e começou a trabalhar na Skanska em 2002. O grupo fatura US$ 22 bilhões no mundo e tem 70 mil funcionários.
No Brasil, o faturamento vem dos setores de óleo & gás, que representam 80%, e energia, com 20%. Esse ano, a empresa participou pela primeira vez do Ranking da Engenharia Brasileira, levantamento anual realizado pela revista O Empreiteiro, e obteve a segunda colocação no segmento de Construção Mecânica e Elétrica.
Na América Latina, cerca de 60% do faturamento da empresa são oriundos do segmento de óleo & gás, 20% do mercado de energia e 20% de serviços em outras áreas. "Somos a maior empresa da América Latina em manutenção nos setores de óleo & gás e industrial. No Sul da Argentina, por exemplo, na Patagônia, temos 2 mil caminhonetes rodando para fazer manutenção. É uma operação importante", afirma. No Brasil, a empresa realiza serviços de manutenção em plataformas da Petrobras localizadas em Macaé (RJ) e em campos de petróleo on shore em Mossoró (RN), e também em hidrelétricas, como Ponte de Pedra (embora tenha vendido sua participação no negócio, a Skanska ainda é responsável pela operação e manutenção da usina). "Nossa intenção é crescer no Brasil na área de manutenção", afirma o presidente.
Presença marcante em diversos Países
A Skanska participa de importantes projetos no exterior, como a ponte Uddevalla, na Suécia, que faz parte da Sunningeleden Highway, um projeto especial que prioriza cuidados ambientais. Outra ponte que se destaca nesse quesito é a Öresund, que liga Suécia e Dinamarca, permitindo o tráfego ferroviário e rodoviário. Outro projeto que merece destaque é o edifício comercial 30 St Mary Axe, que chama a atenção nos céu de Londres com seu design inusitado e foi construído pela Skanska com base no projeto arquitetônico da Foster & Partners.
Experiência da Skanska América Latina
- Usinas elétricas instaladas: 15.500 MW
- Linhas de alta tensão instaladas: 14.000 Km
- Dutos construídos: 4.400 Km
- Refinarias renovadas / ampliadas: 40 unidades na Argentina, Brasil e Peru
- Instalações químicas e petroquímicas renovadas /ampliadas: 21 unidades no Chile, Argentina e México
- Plantas industriais construídas: 17 unidades
- Mais de 100 operações de O&M em execução nos mercados de energia e óleo e gás
- Operações em seis Países
- Mais de 10 mil empregados
- Vendas em 2008: US$ 853 milhões
Fonte: Skanska
Perfil do grupo Skanska
- Empresa fundada em 1887 na Suécia
- Atua na Europa, Estados Unidos e América Latina
- 4.000 clientes realizaram mais de um contrato com a Skanska
- 56.000 colaboradores
- Vendas líquidas em 2008: aproximadamente US$ 21,8 bilhões
- Lucro operacional (EBIT): US$ 620 milhões
- Uma das 10 maiores empresas mundiais de engenharia
Fonte: Skanska
Fonte: Estadão
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