Abel de Oliveira Filho*

Omercado da engenharia no Brasil passa por um momento de grande efervescência, atingindo fortemente o setor de consultoria. A escassez de profissionais capacitados para comandar a execução de pequenas e grandes obras, se repete na formação de equipes para elaborar projetos de engenharia.

O setor de consultoria vem perdendo profissionais para construtoras e para o serviço público, que vêm buscar técnicos de nossas empresas para suprir suas carências de bons profissionais. A saída que algumas empresas encontraram para tentar bloquear esse processo foi procurar qualificar internamente novos profissionais, que mais tarde serão atraídos para outros segmentos do mercado de trabalho.

Outra dificuldade que as empresas de consultoria têm encontrado é a forma equivocada de atuação dos órgãos de controle externo (tribunais de contas, Ministério Público etc), sobre a questão dos orçamentos para contratação de serviços de consultoria de engenharia. Destaque para nossas dificuldades atuais: prazos insuficientes para elaboração de bons projetos, tabelas defasadas de salários, encargos sociais inferiores aos previstos na legislação trabalhista, despesas administrativas subdimensionadas e taxas de encargos fiscais que desconsideram as parcelas oficiais estabelecidas pela Receita Federal.

Em nosso entendimento, um projeto bem elaborado representa a principal ferramenta de controle e fiscalização de obras. Se todos os percalços citados não fossem suficientes para assustar, um novo fantasma ronda sobre nós: profissionais oriundos de países estrangeiros em crise, que são atraídos pela estabilidade político/econômica do Brasil.

A recente aprovação do Regime Diferenciado de Contratação (RDC) é outro grande equívoco e pode se tornar uma enorme armadilha para o setor de consultoria, uma vez que desobriga a existência de projeto executivo para a contratação de obras públicas. Por tudo isso, podemos afirmar que se existe uma grande demanda de engenharia, existem também grandes preocupações, para as quais precisamos ficar atentos.

*Abel de Oliveira Filho é presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva de Pernambuco (Sinaenco-PE)

Fonte: Estadão