Menos de duas décadas após um trágico incêndio que destruiu vidas humanas e o conhecido Edifício Andorinha, inaugurado no centro do Rio de Janeiro em 1934, surgiu em seu lugar um dos edifícios mais altos daquela cidade, a Torre Almirante, com 36 pavimentos e lajes moduláveis de 1.600 m², destinado a abrigar grandes corporações. Moderno e imponente, o edifício foi projetado pelo escritório Pontual Arquitetura, que recebeu colaboração do escritório norte-americano Robert Stern nas fachadas e áreas de acesso. Ao mesmo tempo, dois prédios vizinhos foram demolidos para abrigar um edifício-garagem anexo, com 17 andares, mantendo as fachadas originais, tombadas pelo Patrimônio Histórico, o que exigiu que fossem escoradas frontalmente e engastadas, depois, na nova estrutura. A proeza de executar os 62 mil m² da obra, que havia sido paralisada pelo investidor original, coube à Racional Engenharia. Em 18 meses ela ergueu os dois prédios, driblando as dificuldades naturais apresentadas, a começar pelo espaço bastante restrito para as operações de descarga, estocagem e manuseio de materiais, uma vez que o terreno tem apenas 1.750 m² de área. A segurança do trabalhadores e dos transeuntes da região foi outra preocupação: “A edificação não possui recuo em relação à rua, exigindo, desta forma, um planejamento preciso e um acompanhamento minucioso de cada atividade executada, sobretudo na etapa de montagem da estrutura e da fachada”, informa o engenheiro Joaquim Evangelista da Costa, gerente-executivo da construtora. Poupar a vizinhança de ruídos excessivos, principalmente na fase de demolição dos edifícios anexos, foi conseguido com a definição de horários específicos de trabalho.
Central de reciclagem
No entanto, o principal desafio foi com o entulho gerado: 6 mil m³. Joaquim Evangelista da Costa conta que a experiência da Racional com seu Programa de Gestão Ambiental foi decisiva para a principal atitude que foi tomada, paralelamente a uma série de procedimentos: a reciclagem do entulho e seu reaproveitamento na produção de blocos de concreto. Para isso, em um terreno localizado a 60 km da obra, a construtora implantou uma central de reciclagem de entulho, constituída por uma miniusina de reciclagem e uma fábrica de blocos. Uma organização não-governamental (ONG) apoiou a iniciativa, que resultou na produção de cerca de 400 mil blocos, em parte usados na própria obra. A produção excedente foi doada às autoridades do município do Rio de Janeiro para a construção de obras de interesse social. “Projetos desta natureza só trazem benefícios e reforçam o conceito de auto-sustentabilidade do meio ambiente”, afirma Costa. O processo adotado consistiu primeiro na separação do entulho, com a retirada de materiais como aço, gesso e outros que contêm elementos químicos. Em seguida, passou por britadores, onde foi triturado, e por peneiras vibratórias, com a finalidade de separar o material conforme as diversas granulometrias. O passo seguinte foi a produção dos blocos, a partir da massa obtida com a mistura desses agregados com cimento e aditivos.
Cores diferenciadas
A estrutura foi executada em concreto protendido, estando os pilares situados na periferia das lajes. As fachadas principais são compostas por vidro de alta performance e granito até o 10° andar, e, daí para cima, somente vidro. A opção recaiu sobre vidro duplo low-e para garantir melhor aproveitamento da luz natural e oferecer conforto termoacústico. A parte curva das fachadas recebeu sistema especial de iluminação, com luminárias constituídas por três lâmpadas fluorescentes coloridas (azul, vermelha e verde) cada. Ligadas a um equipamento especial que funciona como um dimmer, a intensidade individual de cada lâmpada é variável. Como as lâmpadas estão conectadas a módulos comandados por computador, é possível a criação de cores diferenciadas, o que dá um aspecto bastante atraente ao edifício. (R.C.S.R.)
Fonte: Estadão
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