A 15ª edição do Salão Internacional de Máquinas para Obras Públicas, Construção e Mineração (Smopic), encerrada dia 9 último em Saragoça, Espanha, acabou atraindo a atenção de empresários de países europeus e de outras regiões do mundo, tanto pelo volume de máquinas e equipamentos ali exibidos, quanto pelo conteúdo econômico que, de repente, ela assumiu.
Pelos 300 mil m² dos amplos pavilhões, nos quais estiveram distribuídas mais de 1.200 empresas expositoras, o empenho dos organizadores era o de que ao menos ela se aproximasse, do ponto de vista do número de visitantes, do total alcançado no evento anterior, ocorrido em 2008, quando por ali passaram cerca de 100 mil pessoas.
Desta vez – e apesar dos reflexos da crise econômica que abalou Portugal e do receio de que ela venha a chegar a Espanha – o Smopyc obteve êxito considerável, dentro das circunstâncias. Tanto assim, que Manuel Teruel Izquierdo, presidente da feira, estimava, em sua primeira avaliação dos resultados do evento, que o número de visitantes fora superior a 70 mil.
Em entrevista coletiva disse o empresário: "Embora consideremos a queda significativa do setor da construção em nosso país, o Smopyc demonstrou que a construção está reagindo e que a feira tem vida própria como plataforma de demonstração das últimas tecnologias adotadas e desenvolvidas pelas empresas expositoras. É surpreendente ver como, apesar do que há sofrido esse setor aqui na Espanha, o evento haja conseguido tal número de expositores. A feira se revelou uma plataforma internacional com mais de uma centena de missões comerciais de várias regiões do mundo, especialmente de Portugal, Marrocos, Argélia, Itália, França, Estados Unidos, Emirados Árabes, Brasil, Argentina, México e outros países."
Um dado para o qual ele chamou a atenção foi a capacidade do evento de gerar significativos contatos que, segundo os organizadores, estariam resultando no fechamento efetivo de valiosos negócios envolvendo mais de 150 delegações.
Importante, nesse encontro, foram as jornadas técnicas e outros encontros paralelos dos quais participarem representantes do governo espanhol e representantes de várias entidades que reúnem as mais importantes construtoras do país, algumas das quais com obras em diferentes regiões do mundo. Alguns desses empresários defendem vasta flexibilização dos mecanismos de contratação de obras, no esforço comum para que empresas construtoras e governo enfrentem a crise que se desenha, embora alguns acham até que a crise não deverá romper a fronteira de Portugal.
Chamou a atenção também, durante o evento, o momento político vivido pela Espanha, em especial a disputa pela presidência de Aragão. Alguns empresários comentavam a declaração da candidata do Partido Popular (PP), segundo a qual "melhor governo significa menos governo". Enquanto havia empresários que pareciam identificar-se com essa linha de raciocínio, outros achavam que o tempo das "damas de ferro" – uma referência a Margareth Tatcher – "é passado". No geral, eles avaliam que o gasto público deve ser reduzido a fim de que possa ser implementada uma eficiente política de obras públicas para melhorar a infraestrutura necessária às diversas atividades da Espanha, sobretudo a infraestrutura para o turismo. Hoje, a Espanha é a terceira maior força turística da Europa.
Chamou a atenção, nesse evento, o que ocorreu no 5º pavilhão. Ele foi transformado numa imensa vitrine da Caterpillar. Papel fundamental para isso foi exercido pela representante do grupo internacional, na Espanha, a Barloworld Finanzauto, em colaboração com a Barloworld STET. Dentre os grandes expositores, duas ausências foram particularmente anotadas: a Volvo e a Komatsu.
No geral, a feira, segundo os seus organizadores, mandou uma mensagem. Não propriamente contra a crise, conforme revela Francisco Carrillo, presidente do comitê organizador, talvez entendendo que a crise econômica que afeta Portugal não chegará – ou chegará atenuada até a Espanha – "mas a favor do desenvolvimento". De qualquer forma, a mensagem positiva dos empresários e da feira, está dada: a Europa, segundo eles, repele qualquer possibilidade de estagnação econômica. (Nildo Carlos Oliveira, enviado a Saragoça)
Fonte: Estadão