Programa Morar Carioca selecionou 40 projetos multidisciplinares para renovar a infraestrutura urbana de uma área com 12 milhões de m2

A prefeitura do Rio de Janeiro em parceria com o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB – RJ) realizou dois grandes concursos públicos para seleção de metodologias de projetos para urbanização de favelas e assentamentos precários (Programa Morar Carioca) e construção e melhorias em instalações na região portuária (Programa Porto Olímpico), visando às Olimpíadas 2016, contemplando a construção de instalações de apoio aos jogos, Vilas da Mídia e de Árbitros, Centro de Convenções e setores operacionais.

O Morar Carioca tem cronograma mais adiantando e já conta com 40 projetos vencedores selecionados. A ideia é urbanizar mais de 215 comunidades até 2016, a um custo estimado em R$ 8 bilhões. Participaram do certame, escritórios de arquitetura de todo o Brasil, além de arquitetos, engenheiros, economistas e sociólogos independentes que somaram seus conhecimentos e experiências formando equipes multidisciplinares responsáveis pela elaboração conceitual dos projetos. “Buscamos fomentar o desenvolvimento de metodologias para projetos que priorizam a urbanização das favelas de forma a transformá-las em bairros integrados à cidade. Orientou-nos o conceito de entrelaçar a favela à cidade, num sistema integrado, pleno em redes de transporte, trabalho, lazer, cultura, escolas, bibliotecas, entre outros”, comenta o vice presidente da IAB- RJ, Pedro Moreira da Luz. A seleção dos projetos vencedores envolveu a análise da melhor metodologia, considerando melhorias integradas em habitação, transporte, meio ambiente e saneamento, além do custo benefício do projeto como um todo, e de seu valor como legado para a sociedade em geral.

O resultado da competição foi divulgado no início de dezembro. Os ganhadores receberam um prêmio de R$ 500 mil, e irão assinar contrato com a Prefeitura para o desenvolvimento dos projetos executivos e complementares, que serão implementados em favelas como o Complexo dos Cabritos e Tabajaras (Copacabana e Botafogo), Vila Vintém (Padre Miguel) e Cidade de Deus (Jacarepaguá). Os projetos contemplam, entre outras melhorias e adequações, a construção de teleféricos e edifícios multifuncionais, que deverão transformar as favelas cariocas e o cenário do Rio até 2016.

Seleção dos projetos

Os projetos vencedores foram selecionados por uma comissão julgadora formada pelos arquitetos Cristina Barreto da Silva e Antonio Augusto Veríssimo, indicados pela Secretaria Municipal de Habitação, e os arquitetos Elisabete França, Jerônimo de Moraes Neto e Ricardo Villar, indicados pelo IAB-RJ. Foram escolhidos os projetos que melhor contemplaram intervenções para a remodelação da infraestrutura geral das favelas, incluindo equipamentos públicos e moradias já existentes, respeitando as peculiaridades geográficas e sócio-culturais das localidades.

Ao todo, 40 projetos conceituais foram selecionados para o Programa Morar Carioca. “O concurso envolveu a análise de mais de 500 pranchas de projetos. Numa primeira etapa foram selecionados 53 trabalhos e destes, após sucessivas e detalhadas análises, foram escolhidos 40 vencedores e 13 menções honrosas”, explica o presidente da Comissão Julgadora, Jerônimo de Moraes Neto.

Os projetos de remodelação das favelas beneficiarão 215 comunidades, sendo 185 inseridas em 50 complexos de favelas e outras 30 em comunidades isoladas. No total, serão 87 mil domicílios beneficiados e mais de 12 milhões de m2 de área urbanizada.

O escritório Zoom Arquitetura foi um dos vencedores. O coletivo de profissionais responsável pelo projeto vencedor, formado por arquitetos da Zoom e parceiros, concebeu um projeto para construção de prédios escalonados e multifuncionais, conectados por funiculares, respeitando as moradias preexistentes e integrando-as à malha urbana do Rio, buscando a melhoria dos precários padrões construtivos e urbanos existentes.

“Para elaboração do projeto discutimos questões como déficit habitacional e urbano no Rio, padrões construtivos e materiais utilizados. Também consideramos a participação popular, que tem papel fundamental na construção e consolidação dos projetos de urbanização, conta Guilherme Ortenblad, um dos arquitetos responsáveis. “As intervenções propostas consideram a construção de edifícios multiuso para abrigar habitações e comércio espontâneo, além de melhorias estruturais diversas, como nas cozinhas e banheiros, que são precários”, detalha Ortenblad. “E consideramos o envolvimento dos moradores antes, durante e depois de concluídos os projetos, pois uma comissão de líderes comunitários será ouvida no decorrer das intervenções e irá colaborar em todo o processo, atuando como co-participantes”, completa.

Nos projetos elaborados foram adotados conceitos de cidade compacta, considerando as relações entre o número de moradores e as distâncias de deslocamento. Próximo a zona Sul, por exemplo, observou-se que a favela se insere no núcleo da cidade, próxima do trabalho, dos hospitais, escolas, shoppings centers e outros espaços públicos, podendo o morador usufruir do sistema de transporte.

No caso de favelas mais distantes, situadas na periferia, apesar de compactas, demandam grandes deslocamentos de seus moradores para usufruir da infraestrutura da cidade. Nestes locais, a necessidade de levar transporte e infraestrutura demanda altos custos do poder público e gastos de energia. “Com base nessa racionalização, buscamos inibir o adensamento nas áreas periféricas e incentivá-lo onde já existe infraestrutura, melhorando, equipando e readequando os espaços”, detalha Augusto Aneas, outro integrante do projeto vencedor.
O diagnóstico gerado do processo de elaboração dos projetos aponta também para a necessidade de ampliação da rede de transportes de massa, buscando o atendimento integrado a todas as favelas, o que poderia atrair moradores de outras áreas periféricas.

Programa Porto Olímpico

De olho nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, que representam uma especial oportunidade para o desenvolvimento ambiental, social e econômico do Rio, o IAB – RJ mediante o patrocínio da Prefeitura do Rio, parceria do Instituto Pereira Passos e Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de 2016, organizou o Concurso Porto Olímpico, que visa a orientar o legado do evento esportivo por meio de melhorias na área central da metrópole, onde fica a área portuária carioca, com foco na implantação e reforma de residências, Centro de Convenções e Hotel.

O Porto Olímpico abrigará instalações de apoio aos Jogos, as Vilas da Mídia e de Árbitros e setores operacionais. E será planejado para depois dos jogos revitalizar a área central por meio de novas moradias, comércio e serviços, áreas verdes e de lazer herdadas dos jogos. O programa contempla o reforço da estrutura turística com instalação de um hotel cinco estrelas e um centro de exposições/convenções.

Nos mesmos moldes do Morar Carioca, os projetos serão avaliados por uma banca técnica. As inscrições foram feitas até o final de dezembro. As informações podem ser obtidas no site do IAB-RJ (http://www.iabrj.org.br/201011/concurso-porto-olimpico).

Fonte: Estadão