Não  poderia ser outra coisa, senão uma anedota. Uma piada de mau-gosto, acaso contada em má hora, para perplexidade de incautos. Mas reli a notícia. E, não era uma anedota. Era a palavra de um secretário de Estado (Bruno Covas) propondo uma nova taxa, a “ciclotaxa”,  para financiar o uso de bicicleta cidade afora. Taxa miúda, de início. Nada além de R$ 15 a R$ 25 por ano.  Todas as taxas costumam começar assim: módica. Depois, se agigantam e não param mais de crescer.

Mas o estranhável na proposta é que ainda haja administrador público capaz de fazer  propostas desse tipo, para uma população crucificada, de manhã à noite, por todos os tipos de impostos e taxas. Como ideia de tal ordem estapafúrdia pode ser concebida? Certamente os responsáveis por ela não têm a medida de sua infinita inconveniência.

A população já não dá um passo sem pagar imposto. A qualquer movimento que faça cobram-lhe o olho da cara. E ele não sabe e jamais lhe dão conta da destinação do dinheiro que lhe é surrupiado. Retorno? Haverá retorno? A saúde está pela hora da morte. A segurança, idem. E, no entanto, a qualquer pretexto e a qualquer oportunidade, chega ao povo a mensagem de que outra taxa está sendo objeto de articulações intramuros. Para a atual proposta a alegação é de que o dinheiro seria aplicado no Programa de Incentivo à Bicicleta (Probici).

A ideia nasce equivocada, em um País onde tudo parece equivocado. Como a transferência de renda, por exemplo. Ela é aplicada, sobretudo na classe média, que já não tem para onde correr. Nem onde ficar.

Aziz Ab´Saber

A morte, dia 16 último, do geógrafo Aziz Ab´Saber, foi um golpe na inteligência brasileira. O País perde um de seus mestres mais inteligentes e, o governo – este e outros – um de seus críticos mais objetivos e capazes. 
 

Fonte: Nildo Carlos Oliveira