ETE Serraria é estratégica para ampliar tratamento de esgotos na capital gaúcha

Renato Brandão

 

 

Até o final de 2012, os porto-alegrenses começarão a se beneficiar da despoluição do lago Guaíba, um dos símbolos da capital do Rio Grande do Sul. O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) da prefeitura de Porto Alegre prometeu concluir ainda nesse ano as obras da Estação de Tratamento de Esgoto Sanitário da Serraria (ETE Serraria).
Em construção desde meados de 2010, a ETE Serraria é tida como obra estratégica do Projeto Integrado Sociambiental (Pisa) de Porto Alegre. Seu principal objetivo é ampliar de 27% para 77% a capacidade de tratamento de esgotos do município quando a estação for inaugurada.

As obras civis, incluindo fundações, estruturas de concreto armado, prédio dos sopradores e prédio administrativo, estão 80% concluídas. A montagem eletromecânica foi iniciada em março, e envolvem obras de aterramento elétrico das casas dos sopradores e prédio administrativo, montagem dos sistemas de coleta de gases dos reatores, tubulações dos sopradores, entre outros itens.

O consórcio que conduz as obras é composto pelas empresas Goetze Lobato Engenharia, Infracon Engenharia e Comércio e Brönstrup Construções, Incorporações e Participações.
Ao todo, serão investidos R$ 586 milhões, com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Caixa Econômica Federal.

A estação está situada em área total de 56.000 m² – com 53.000m² de área construída -, no bairro de mesmo nome (na zona sul da cidade) e terá a maior capacidade de tratamento de efluentes do município. Serão tratados 4 mil litros de águas residuais por segundo, dentre oito tanques construídos, por meio do processo de reator anaeróbio seguido etapa de lodos ativados.

Visando a obter um alto desempenho operacional na remoção do material orgânico, em uma unidade compacta de elevado rendimento e baixo consumo de energia, a ETE Serraria combinará sistemas anaeróbio e aeróbio de tratamento.
O primeiro será composto por reatores anaeróbios de manta de lodo, que promoverá a remoção de parcela significativa da matéria e sólidos suspensos em um processo biológico que ao invés de consumir energia passa a produzi-la.
A compacidade do processo aeróbio adotado possibilitará redução de custos com terraplenagem e interligações, sem comprometer a capacidade hidráulica e a eficiência do tratamento, que pretende alcançar os limites estabelecidos pela legislação ambiental do Rio Grande do Sul.  A nova estação de esgoto de Porto Alegre será uma das poucas no país a contar com o tratamento em nível terciário.

De acordo com o Dmae, a entrega da ETE Serraria ocorre em conjunto com a ampliação da rede coletora de esgoto da cidade de 1.460 km para 1.600 km. A nova estação vai tratar metade dos esgotos de Porto Alegre. Serão conduzidos e tratados lá mais de 99% dos coliformes fecais dos efluentes lançados na extensão do Guaíba, que vai desde a foz do arroio Dilúvio (que recebe contribuição de 27 sub-bacias, onde residem 56% da população da capital gaúcha) até a praia de Ipanema.

 

Também serão coletados para a ETE os esgotos provenientes dos bairros Cavalhada, Restinga e Ponta Grossa, além dos esgotos da área central da Capital, que hoje são jogados in natura no lago guaíba há décadas. A meta é que a universalização do tratamento de esgoto na cidade seja concretizada até 2030.

Além disso, existe a perspectiva de que o sistema de abastecimento de água da cidade terá melhorias consideráveis, uma vez que haverá redução da carga de poluentes orgânicos e da densidade de coliformes na água captada. Foram declarados pelas agencias ambientais  300.000 m² de áreas de proteção ambiental e lazer nas regiões de abrangência do projeto.

A prefeitura estima que deixarão de ser despejados no Guaíba 145 mil m³ por dia de esgoto sem tratamento. Com isso, a expectativa é que o lago esteja despoluído completamente até 2028.

A administração municipal espera que Porto Alegre suba 10% no Índice de Desenvolvimento Socioeconômico (Idese), medido pela Fundação de Economia e Estatística (FEE) – se for cumprida a promessa de melhoria nas habitações da população que vive às margens do arroio Cavalhada.

Fonte: Padrão