Share

Mobilidade urbana em segundo plano

A essa altura, alguém ainda terá dúvidas de que, nessa questão da Copa de 2014, a mobilidade urbana ficará para segundo plano?

Metrôs funcionando e desembarcando passageiros nas proximidades das arenas esportivas. Monotrilhos cruzando espaços para o mesmo fim. Terminais de integração operando como devem operar oferecendo aos interessados os sistemas de transportes para os múltiplos destinos a que eles precisam ir. E, ruas e avenidas ampliadas e modernizadas, confluindo para os estádios, alguns dos quais construídos a léguas dos principais sítios urbanos, com a promessa de que os acessos permitirão que se chegue lá num piscar de olho. Pois bem. Eu acredito que na maior parte dos casos tudo isso não passará de um sonho de uma noite de verão.

Hoje mesmo, quem quiser pode consultar dados do governo ou análises muito criteriosas elaboradas pela imprensa. Os financiamentos para obras de infraestrutura continuam insatisfatórios e, as obras em andamento, com exceção daquelas em alguns estados, como  o Ceará,  prosseguem em ritmo lento, com passos tardos de tartaruga preguiçosa. Nos aeroportos, a aposta se dá mais no clássico jeitinho, para amenizar as coisas, do que em soluções efetivas.

Há algum tempo, em visita às obras de uma arena esportiva no Norte, o engenheiro que respondia pelo contrato foi enfático: “A conclusão do estádio, nós garantimos. Ele ficará pronto segundo as especificações da Fifa. Agora, as obras de mobilidade urbana são outra coisa. Elas dependem dos investimentos e do empenho das três instâncias de governo. E, pelos projetos divulgados, será um milagre se uma parte das expectativas chegarem a ser atendidas.”

O engenheiro, pelos dados disponíveis, tem razão. Contudo, há um consolo: pelo menos aqueles famigerados módulos operacionais provisórios, chamados de “puxadinhos”, que vêm sendo construídos anexos aos aeroportos, deverão ficar. Definitivamente.

Fonte: Nildo Carlos Oliveira

You may also like