Seminário discute a tecnologia do uso doasfalto-borracha na execução de pavimento rodoviário e apresenta vantagens: o aproveitamento de pneus velhos, retirando-os do meio ambiente,e o custo/benefício

Nildo Carlos Oliveira

Ouso do asfalto-borracha na execução de pavimento ganhou novo estímulo no recente encontro que o Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo (DER-SP) realizou em sua sede, em São Paulo, quando reuniu especialistas do próprio departamento, de empresas privadas e pesquisadores universitários para debater o tema Novas tecnologias – pavimento.
A ideia do uso deste material em processos de pavimentação não é de hoje. Possivelmente se situe na década de 1950. Mas, como toda inovação que requer o exame cuidadoso de diversas interfaces científicas, ela suscitou controvérsias. Ao final, ficou demonstrada sua eficácia prática. Hoje, já se sabe que o chamado asfalto-borracha oferece diversas vantagens e que uma das principais é a possibilidade de ajudar no trabalho da sustentabilidade ambiental.
Os estudos levaram em conta os métodos para o desmanche dos pneus, que pode ser feito com o cisalhamento da borracha, o congelamento do material e, posteriormente, a extrusão dele com a aplicação de aditivos; ou a obtenção da borracha granulada, com o reaproveitamento da raspa derivada da preparação dos pneumáticos para recauchutagem.
Seja qual for o processo, a tecnologia abre campo para que estoques extraordinários de pneus inservíveis não fiquem comprometendo o meio ambiente. Sua aplicação, pela Ecorodovias, em trechos do sistema Anchieta/Imigrantes, em São Paulo, mostra que o material permite a execução de um pavimento em que a rugosidade melhora a estabilidade da pista, favorecendo a drenagem da água pluvial.

*Movimento de terra na SP-320,em trecho no qual foi empregadaa tecnologia do asfalto-borracha

O seminário

O seminário, realizado em fins de junho último, com a presença do quadro técnico do DER-SP, foi aberto pelo superintendente do departamento, Clodoaldo Pelissioni, prosseguindo com a exposição da professora Rosângela dos Santos Mota, da Universidade de São Paulo. Ela falou sobre Misturas asfálticas mornas, seguida da professora Kamilla Lima Vasconcelos, também da USP, que falou sobre Camada asfáltica intermediária antirreflexão de trincas. E do engenheiro Wander Omena, da Greca Asfalto, que discorreu sobre Asfalto-borracha terceira geração.
Outros palestrantes: Rita Moura Fortes, do Mackenzie; Osvaldo Tchumantel Júnior, da Betunel; Paulo Rosa Machado Filho (Ecovias); Dultevir Guerreiro Villar de Melo (Ecorodovias); Roberto Cincerro (DER-SP); Everson Guilherme Grigoleto, da Divisão Regional do DER de São José do Rio Preto, e Paulo Sérgio Montoanelli, da divisão regional de Cubatão. Houve a participação também do engenheiro Alberto Ermida Franco, da Petrobras, e da engenheira Marlene dos Reis Araújo, da diretoria de planejamento do DER-SP, que mediou o debate.

Avaliação final

Os engenheiros Estanislau Marcka e José Roberto Cincerre, ambos da diretoria do DER, disseram à revista O Empreiteiro que a viabilidade técnica do uso do asfalto-borracha apoia-se na relação custo/benefício; nas vantagens para o meio ambiente, uma vez que retira os pneus em desuso da natureza e no aumento da vida útil do pavimento.
Além disso, o material obtido dos pneus tem, nos exemplos de sua aplicação, demonstrado maior flexibilidade (menor incidência de trincas); maior retorno elástico sem ocorrência de deformações plásticas; redução da aquaplanagem, o que se traduz em maior índice de segurança e redução de ruídos no pavimento.
Os dois engenheiros acreditam que, para se obter, continuamente, um bom resultado com o emprego dessa tecnologia, se faz necessário maior controle tecnológico de todo o processo, principalmente em relação ao recebimento do produto que será transformado em asfalto-borracha e cuidados especiais no processo de usinagem, quando há necessidade de um maior controle de temperatura e de tanques de estocagem com agitadores.
Eles chamam a atenção para o fato de que a aplicação da massa asfáltica requer sequência de equipamentos de compactação logo depois da distribuição do asfalto, operação que exige uma temperatura de rolagem mais elevada.
Segundo eles, o asfalto-borracha deve ser aplicado principalmente em rodovias de tráfego elevado, em razão do custo/benefício que oferece; nos serviços de pavimentação, desde que as obras tenham controle tecnológico adequado e utilizem equipamentos eficientes para o processamento e emprego do material.
Algumas experiências do DER-SP com asfalto-borracha, consideradas bem-sucedidas, são observadas, no entendimento de Estanislau Marcka e José Cincerre, nas obras de duplicação da rodovia SP-320 (km 180) e nos trabalhos de restauração da SP-55, do km 344 (Peruíbe) ao km 390 (Miracatu).
O DER-SP promete organizar outros seminários desse tipo para ajudar no processo da aplicação de novas tecnologias para melhorar a qualidade do pavimento de estradas estaduais.

Fonte: Padrão