Nildo Carlos Oliveira
Daqui a pouco a expressão “padrão Fifa” rola por aí para significar sinônimo de excelência. Como se todos os estádios que estão sendo entregues – ou que já o foram – privassem da melhor qualidade e, por isso, merecessem receber aquele qualificativo. De qualquer modo, esse hipotético selo de qualidade não deixa de ser necessário para estabelecer a eqüidistância entre aquilo que os manifestantes reivindicam e aquilo que a Fifa deixará para a sociedade, depois da Copa.
O “padrão Fifa” ainda não se complementou. Os estádios não se encontram nos níveis de qualidade, em seu conjunto, para receber tal carimbo. Possivelmente esse padrão fique arranhado, até mesmo nas arenas que mais de perto hajam atendido às especificações daquela entidade internacional do futebol, caso não seja deixado, como legado, aquilo que de pés juntos foi vendido como verdade absoluta para o povo brasileiro: modais de transporte e acessos compatíveis com o chamado “padrão Fifa”.
É possível que até a Copa, os estádios passem por um pente fino, sob o olhar do povo, e venham a oferecer serviços satisfatórios para o público que vai ocupá-los durante aquele evento e, depois, durante os eventos tradicionais em cada região brasileira.
Por ora, as críticas são muitas: banheiros ainda não funcionam completamente e os demais serviços prosseguem precários. O “padrão Fifa” está restrito à concepção e a outros itens. Enquanto isso, a mobilidade urbana está longe daquele padrão. Metrôs não chegam sequer às proximidades de alguns estádios; não há estacionamento suficiente e outros serviços ainda se acham precários.
Quem assistiu aos jogos da Copa das Confederações pode observar, em alguns casos, que as multidões não estavam atônitas apenas com os protestos: estavam aturdidas porque, quando mais caminhavam, mais tinham chão para caminhar. À saída das arenas, onde encontrar um táxi com segurança? Onde estariam as estações dos monotrilhos? Como chegar à alguma estação do metrô? E o que vai acontecer quando a Fifa sair daqui para desembarcar em outro país? O povo certamente deverá sair em passeata para cobrar dos dirigentes o propalado “padrão Fifa”.
Por ora, o único item que vem atendendo, por inteiro, ao “padrão Fifa” , é o preço.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira
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