O concreto eterno é uma questão de tecnologiae de custo. Há pesquisas correntes em vários países em torno do assunto, inclusive no Irã

Por que o Irã estaria desenvolvendo concretos de alta resistência? O país encontra-se numa região sísmica e o material também tem aplicação militar, para proteger suas unidades que processam o urânio enriquecido — motivo das sanções internacionais ao país. O chamado concreto de resistência ultraelevada (CRUE) é feito com cimento, areia e agregados, mais aditivos como quartzo em pó, partículas metálicas e fibras. O Ductal, um concreto ultrarresistente disponível comercialmente na França, tem resistência e possui maior flexibilidade e vida útil.

Alterar a estrutura molecular do cimento pode ser um dos caminhos, bem como o uso de nanopartículas para melhorar a estrutura do concreto. A equipe de Ali Nazari, na Universidade Islâmica de Azad, em Saveh, Irã, publicou diversas pesquisas sobre o uso de óxidos de ferro, alumínio, zircônia, titânio e cobre. Embora os testes tenham sido realizados com amostras de pequenas dimensões, essas nanopartículas podem gerar concretos quatro vezes mais resistentes do que o Ductal. Outra pesquisa mostrou em 1995 que a adição de fibras de polímero aumentou pouco a resistência à compressão do concreto, mas este suporta impactos sete vezes maiores.

Ductal é uma tecnologia patenteada pela Lafarge e Bouygues para produzir concretos de elevada resistência mecânica, de até 200 MPa, resistência à flexão acima de 40 MPa, durabilidade excepcional, resistentes à abrasão e agentes químicos e ambientais (congelamento, água salina etc.). Este tipo de concreto permite construir estruturas mais esbeltas e complexas, com manutenção mínima. As empresas não informaram a faixa de custo desse concreto, nem detalhes técnicos.

Robô inspeciona estruturas

A revista Engineering News Record, parceira editorial da revista O Empreiteiro, informou recentemente que muitas das 104 usinas nucleares dos Estados Unidos estão atingindo a metade da sua vida de projeto e o mesmo acontece com um grande número de barragens.

Um robô sobre esteiras, fabricado pela International Climbing Machines, de Nova York, e customizado pela Electric Power Research Institute (EPRI), fez uma inspeção na estrutura da hidrelétrica de Robert Moses, em Niagara, no mesmo estado. Normalmente, este trabalho de inspeção sobre a integridade estrutural da barragem demanda a montagem de escoramentos para acesso dos técnicos, que também podem usar rapel. No entanto, o robô mecanizado automatiza esse trabalho.

Um dispositivo elétrico cria uma câmara de vácuo entre as esteiras e mantém o robô na parede vertical. As esteiras de espuma sustentam o vácuo e transportam cerca de 20 kg de sensores, passando por cima de porcas, parafusos e concreto projetado. O EPRI e diversas universidades equiparam o robô com sistemas de avaliação não destrutiva.

No teste de Niagara, um sensor sônico foi empregado para verificar a delaminação do concreto, através de “conexão aérea”— não há contato físico com a estrutura. O teste foi em parte financiado pela New York Power Authority, que vai usar os dados da varredura para orientar eventuais reparos da barragem.

Nos testes futuros, o robô será equipado com outros sensores para aferir o estado da armadura do concreto e o nível de umidade na parede — uma roda química fará o primeiro trabalho enquanto uma antena de micro-ondas efetuará o outro. A ideia é fazer o robô seguir uma rota pré-programada 24 horas por dia, reduzindo o prazo da inspeção.

Torre eólica de concretoalcança 100 m de altura

Na montagem da planta eólica de Pioneer Grove, no condado de Cedar, Iowa, a empresa Acciona Windpower construiu torres de concreto de 100 m, na sua primeira aplicação nos Estados Unidos. A empresa de origem espanhola informou que esta solução já foi adotada em mais de 80 torres eólicas em outros países. Nesta obra, a torre sustenta uma turbina de 3 MW, a maior até hoje instalada em torre de concreto com essa altura.

A torre de concreto foi pré-fabricada em seções numa planta. Ela foi montada ao lado de uma torre metálica de 92 m, com ambas suportando turbinas de 3 MW. Charles Hanskat, consultor de engenharia civil, afirmou à revista Engineering News Record que o concreto suporta maiores forças laterais e dinâmicas do que o aço nestas condições. Passando de 100 m de altura, o aço ultrapassa seu limite de eficiência estrutural e de custo neste tipo de torre, sujeito a constantes cargas dinâmicas. A tendência atual é de se construir turbinas mais possantes e pesadas, para produzir energia eólica com maior eficiência, que demanda também torres maiores.

Fonte: Revista O Empreiteiro