As tragédias se repetem. E vêm se repetindo todos os anos, cada vez com possibilidades de se tornarem mais graves. Desta vez, somente no Espírito Santo, 52 municípios se encontravam, até fins deste mês (dezembro) em estado de emergência. Em amplas extensões do Estado havia mais de 60 mil pessoas desabrigadas e 23 tinham morrido. As chuvas haviam atingido também regiões de Minas Gerais e a tendência, nesse verão, é de precipitações semelhantes em outras regiões.
As devastações, provocadas pelas cheias do rio Doce e afluentes, avançaram pelas cidades e pelos campos. Houve inundações em vastas áreas rurais aumentando os prejuízos na lavoura, uma situação que vai se refletir no escoamento agrícola, em sítios que não chegaram a ser totalmente atingidos, por causa dos estragos que as chuvas e os deslizamentos provocaram na malha rodoviária federal que corta o Estado e nas estradas vicinais que beneficiavam os acessos da população urbana e rural. Nos municípios, muitas tubulações de água e de esgotamento sanitário se romperam não suportando o volume de água canalizada.
As chuvas expuseram a fragilidade dos acessos rodoviários, muitos dos quais de baixa qualidade de construção e carentes dos mínimos cuidados de drenagem. Alguns órgãos do governo federal e estaduais podem até tentar justificar os danos visíveis, atribuindo-os a precipitações inusitadas. Mas não é compreensível que hoje muitas dessas ocorrências, sobretudo em áreas de risco, não possam ser detectadas a tempo para que catástrofes do gênero sejam evitadas.
Problemas ocasionados por enchentes, a exemplo das que aconteceram por conta das chuvas na cabeceira de rios, podem ser enfrentados e minimizados com providências previamente adotadas. Enfrentar enchentes não é ficar contemplando a paisagem, se possível, a bordo de helicóptero.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira