Algumas construtoras contribuem para aguçar e tornar intoleráveis os ruídos urbanos. A empresa que constrói o edifício Matizes do Butantã é um bom exemplo de um comportamento inadequado, naquele sentido. Vejo a olho e ouvido nus que a intensidade do barulho ali praticado poderia ser reduzida ou, ao menos, transferida para horário em que não concentraria tanto aborrecimento público.

Às sete da manhã há trabalhadores armados de martelo batendo em material metálico. Óbvio que tarefa desse tipo poderia ser realizada mais tarde, quando a vizinhança já tivesse se levantado, em especial numa época em que as crianças ainda estão em férias e, em sua maioria, conseguiriam dormir mais um pouco. Mas as marteladas são terríveis e não há trégua. É para colocar qualquer tímpano a nocaute.

E, não fosse apenas o barulho de equipamentos, em tarefas que poderiam ser executadas em outro horário, há aqueles trabalhadores que gritam. Ou cantam. Como se no entorno não houvesse vizinhança.

Acredito que uma política para redução dos ruídos urbanos deveria fazer parte de um manual para os serviços das construtoras. Porque, vamos e venhamos, em muitos casos não teriam porque contribuir para aguçá-los, mas, sim, para amenizá-los, numa cidade que invariavelmente dá de ombros para qualquer necessidade de reduzir decibéis.

Construir prédios deve fazer parte de um processo civilizatório. Planejar o tempo. Atentar para os problemas que operações ruidosas podem produzir na vizinhança. E considerar que, ao menos vez ou outra, o respeito ao próximo é bom E necessário.

Fonte: Nildo Carlos Oliveira