Com o apoio de diversas entidades, inclusive da Universidade de Brasília, e participação da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic), vem aí um novo manual da construção industrializada, que logo mais estará chegando às mãos de engenheiros, arquitetos e outros interessados.
Trata-se de um tipo de publicação que sempre chega em boa hora, conquanto invariavelmente com atraso, mas sem deixar de refletir as idas e vindas de um segmento industrial que já deveria estar em um patamar mais adiantado de evolução, tanto do ponto de vista técnico e de melhores condições de aporte oficial para sua expansão, quanto dos meios para aumento de produtividade.
Obviamente a construção industrializada no País avançou muito, devendo-se isso a um esforço extraordinário das empresas setoriais, muitas delas sobreviventes de um momento histórico de pioneirismo, num trabalho iniciado há mais de 50 anos. Sua evolução encontrou muita pedra no meio do caminho, às vezes, senão todas as vezes, colocada em seu percurso pelo próprio governo, que inibiu, sempre que pode, a aplicação de uma política direcionada a pesquisas e ao aprimoramento das técnicas, àquela altura, disponíveis.
Lembro apresentação que redigi para o primeiro manual técnico de pré-fabricados de concreto, da outrora Associação Brasileira da Construção Industrializada (ABCI), então presidida pelo arquiteto Carlos Alberto Tauil (gestão 1986/1987), com o apoio da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e com a colaboração do prezado Augusto Carlos de Vasconcelos.
Dizia, naquele tempo: “… com a criação do Banco Nacional da Habitação (BNH), em 1966, o governo adotou uma política equivocada de desestímulo à industrialização, na expectativa de incentivar o emprego maciço de mão de obra não qualificada em canteiro. Isso atrasaria ainda mais o processo de industrialização, caso empresários interessados, que vislumbravam as amplas possibilidades do pré-fabricado, não entrassem numa luta, isolada mas consequente, para mudar a situação”.
A industrialização da construção é historicamente uma necessidade. Está associada, conforme escrevi naquele tempo, aos conceitos de organização do trabalho e de produção em série, ajustando-se ao empenho em favor de flexibilidade e rapidez de montagem, impulsionando, por sua vez, a indústria de equipamentos para esse fim. Vem de longe, de períodos difíceis em diversos países, notadamente os que sofreram problemas gerados pela guerra ou por fenômenos naturais e que optaram por ela em programas de recomposição urbana, para priorizar a construção de habitação, escolas, hospitais, plantas industriais , pontes, viadutos etc. De forma alguma o caminho que lhe é devido deveria ter sido travado, como ocorreu aqui no Brasil em ocasiões diversas.
Ao longo dos anos, as empresas prestadoras de serviços nesse campo, que se desenvolveram, elaboraram projetos e praticaram, enfim, a construção industrializada, propiciaram as linhas futuras para aperfeiçoamento das peças que hoje, combinadas com outras técnicas ou não, constituem o meio mais apropriado – e rápido – de construir.
O Brasil tem um campo vasto de exemplos de boa construção, com a construção industrializada. Por isso, merecem parabéns os responsáveis pela iniciativa do novo manual.
Fonte: Revista O Empreiteiro
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