Na tarde de 22 de agosto de 2015, um tatuzão de 13,7 m de diâmetro atravessou a parede de um poço de acesso do túnel Eurásia, no lado europeu de Istanbul, marcando o final de 16 meses de escavação mecanizada sob o Estreito de Bósforo, superando condições extremas de solo e rocha e pressão de coluna d’água – considerada inédita – de 11 bar. As equipes do consórcio Yapi Merkezi, composto por empresas turcas e a sul-coreana SK Engineering & Construction, comemoraram em meio às xícaras de chá que parecem estar sempre cheias tal a rapidez da reposição.
A travessia sob o Bósforo foi lançada em 19 de Abril de 2014, num trajeto de 3,34 km, quando o tatuzão de origem alemã pesando 3.300 t e 120 m de extensão começou a escavar, saindo do lado asiático.
Seguindo uma rampa descendente de 5°, o ponto mais profundo do túnel estava a 106 m abaixo do nível do mar, quando o TBM começou a subir para a superfície. Ali, naqueleponto mais baixo, a pressão d’água era de 11 bar.
O sistema todo do túnel Eurásia tem 14,6 km, contando os acessos em ambos os lados de Istambul. A parte subterrânea mede 5,4 km — 3,34 km escavados com TBM e 2 km construídos pelos métodos NATM e corte e aterro (cut and cover). Os acessos uma vez prontos serão entregues às autoridades metropolitanas de Istambul; o túnel em si é uma concessão de 30 anos. A previsão é que seja aberto ao tráfego rodoviário em outubro próximo (ver detalhes em matéria sobre o assunto publicada nesta edição).
Por aqui, a Aegea — terceira maior concessionária privada de água e esgotos do Brasil — usa tecnologias de última geração para obter ganhos de eficiência e reduzir custos operacionais nos 43 municípios que atende, em oito estados, com uma população de três milhões de habitantes.
Um dos maiores inimigos de redes de abastecimento d’água está sendo vencido pela empresa, que adotou um software israelense para monitorar a operação e localizar variações anômalas em tempo real, orientando equipes de campo para execução dos reparos — e conseguiu reduzir as perdas d’água por desvios, fraudes e vazamentos de 55% para 19% em Campo Grande (MS).
O reúso da água proveniente de esgoto tratado também está no rol das intervenções da Aegea, que aplica esse processo em Búzios (RJ), para aguar o gramado de um campo de golfe.
Em Piracicaba (SP), a operadora modernizou a ETE de Piracicamirim e eliminou o mau cheiro que predominava no local. As novas ETE e ETA são encomendadas dentro de um conceito de conjuntos pré-montados nas fábricas, de modo que os trabalhos no campo se reduzem ao máximo.
São exemplos recentes de como concessões podem implementar obras de infraestrutura com prazo marcado e custo dentro do orçado. Pena que a administração pública brasileira, nos seus três níveis, ainda está aferrada ao vício de ser “dona” das obras públicas, cujos detalhes técnicos são sempre vedados sob o manto da confidencialidade. Ela só consente em partir para concessões em último caso.
Aí, começa um processo interminável de discussão sobre as características particulares de determinada concessão, taxas de retorno etc., ao invés de se inspirar no exemplo de países que procuram estruturar formatos padrões para diversos tipos de concessão, para acelerar o processo e atrair um número maior de interessados.
Fonte: Revista O Empreiteiro
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