O engenheiro civil Carlos Cabral, consultor em BIM (Building Information Modeling) com larga experiência no mercado, vê avanços consolidados do conceito no segmento de edificações, mas aponta uma série de obstáculos ao seu desenvolvimento na infraestrutura.

Cabral começou a trabalhar com implantação de Autocad a 26 anos atrás. Depois, ele migrou automaticamente para o BIM com diversos trabalhos para construtoras de porte, como a Camargo Corrêa.

“No segmento de edificações, o conceito está bem resolvido. Houve um avanço e existem bons projetos. O problema é na infraestrutura. São obras muitos grandes. Não se consegue montar um modelo único”, analisa.

Segundo ele, quando se faz um modelo único de BIM, faltam detalhes ali expostos. “As obras de infraestrutura são longas e, em geral, em lugares remotos, dificultando treinamento permanente das equipes. E as plataformas exigem atualização”, relata.

O consultor conta que nesses casos, a estratégia que tem sido usada é a de trabalhar de forma pontual, no principal desafio da obra, como no estágio de terraplenagem, montagem eletromecânica etc. “Daí, a gente oferece ajuda do conceito e vamos entrando”, diz.

Há problemas de aculturamento ao conceito BIM na infraestrutura. De acordo com Cabral, obras desse setor são ocupadas por engenheiros muitos experientes, mas pouco afeitos à tecnologia.

Necessidade de aculturamento à modelagem digital

O BIM está efetivamente no mercado de construção civil há cerca de 10 anos. “Em edificações, não tem mais convencimento de uso. Todos estão indo do Autocad para o BIM. Existem algumas empresas mais rápidas, outras não. Mas na média vai bem”, menciona.

Na área de edificação, o engenheiro afirma que o movimento do BIM já envolve integração completa com todos os participantes no projeto e na obra. “Porém, a estagnação do mercado tem impedido o aprimoramento”, ressalta.

De acordo com Cabral, as empresas de TI vêm realizando esforço nacional para implantação do BIM, por meio de fóruns e workshops, quando antes se concentravam em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Já na área pública, o BIM foi pouco desenvolvido, com exceção do Exército, que implementou o seu para controle de obras e suas edificações, analisa ele.

“O BIM na manufatura é amplamente utilizado no planejamento. A construção civil precisa ter essa cultura”, avalia. “O BIM hoje não é mais um produto caro. Quem não implementar vai quebrar a cara”, finaliza. (Augusto Diniz)

Fonte: Revista O Empreiteiro