Augusto Diniz
Um dos projetos privados mais importantes em andamento na cidade de São Paulo, ocupando uma área de 30 mil m² próximo à Avenida Paulista, a Cidade Matarazzo deve ser entregue até o início de 2020. Todo o complexo terá aproximadamente 140 mil m² de área construída e possui edificações tombadas pelo patrimônio histórico.
A fachada da principal torre de 25 andares em construção, onde funcionará um hotel, é uma espécie de parque vertical em todas as suas faces, com plantas e madeira. Além dessa torre em construção, será integrada a ela uma edificação histórica onde também funcionará o hotel. Outra edificação histórica ali localizada se transformará em centro comercial e espaço de eventos.
Ocorre ainda reforma de uma capela antiga no local. Um prédio comercial de 5 mil m² de seis andares ainda está sendo erguido na área.
A estrutura em concreto da torre de 25 andares que será o hotel está sendo moldada in loco. Ricardo Soares, gerente-geral de Concreto da Votorantim Cimentos, conta que começou a conversar com o empreendedor do projeto antes da obra sair do chão, em 2014, mostrando a preocupação com o concreto a seu usado na obra.
Ricardo relata que o projeto demandava um traço de concreto muito específico, fazendo com que o empreendedor fizesse contato antecipado com a cimenteira para discutir o assunto – quando tradicionalmente conversações desse tipo ocorrem entre a construtora responsável pela obra e a cimenteira pouco antes do início efetivo das obras.
Como parte do concreto da edificação ficará exposta, conforme o projeto arquitetônico, foi solicitado pelo empreendedor várias especificações. E também por conta da exposição, a qualidade de acabamento necessitava ser superior.
Trata-se, portanto, de um concreto nada convencional. Assim, segundo a Votorantim Cimentos, um traço ideal de concreto foi estudado por um ano. Segundo a cimenteira, foram utilizados protótipos para avaliar desempenho durante a concretagem e depois de aplicado.
No total, 70 traços diferentes, com uso de pigmentos e aditivos, foram analisados para se chegar ao concreto adequado.
As reações diversas na busca de um traço de concreto exigiram que se fizessem vários testes.
Os estudos de traços permitem avaliar questão de resistência, trabalhabilidade, acabamento e tonalidade – pigmento mais escuro, como foi descrito em projeto, por exemplo, é mais sensível às misturas.
De acordo com o coordenador de Tecnologia da Votorantim Cimentos, Alexandre Menares Benito, o traço utilizado na laje da obra tem a seguinte descrição: concreto auto adensável; Fck 60 Mpa; classe de consistência SF2 ( 660 mm-750 mm); cimento CP II E-40; utilização de sílica ativa como parte do aglomerante; agregado graúdo de brita 0 e 1; utilização de gelo para diminuir a temperatura e inibir fissuras de retração térmica; aditivos hiperplastificantes de terceira geração a base de policarboxilatos; aditivos modificadores de viscosidade para garantir alta coesão; aditivos inibidores de retração; fibras de polipropileno para inibir retração por secagem; e pigmentos inorgânicos de cor Preta (3%).
Há uma enorme operação logística para trazer o concreto da usina Engemix, da Votorantim, no bairro do Jaguaré, na Zona Oeste de São Paulo. Todos os estudos de traços foram feitos nessa unidade da empresa, pois lá existe um amplo laboratório de estudos de concreto.
Solução logística está sendo adotada para que os caminhões saiam da concreteira ao canteiro de obras no momento adequado de concretagem, sem que crie filas. O concreto tem que ser lançado em até 2h30 para não se alterar.
De acordo com Ricardo Soares, a solução utilizada é o sistema Command Alkon, utilizado em todas as centrais da Engemix. Esta solução promove a integração completa da logística, desde a programação do pedido até o despacho, assim como o acompanhamento da frota de forma dinâmica para otimizar as entregas.
Faz-se 430 m³ de laje na torre da Cidade Matarazzo em 6 a 7 horas de trabalho, representando 60 m³ por hora. Usa-se mastro de concretagem e spider nas áreas de sombra para acabamento do serviço da laje. O detalhe é que em cada concretagem in loco de uma laje da torre, a retirada das formas precisa ocorrer também sem falhas. No total, será utilizado 15.980 m³ de concreto na torre.
A finalização da concretagem das lajes da torre está prevista para terminar em março de 2019.
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