Um levantamento mostra que o mercado da infraestrutura vem aquecendo nos últimos meses e tende a aumentar em 2024. Isso porque, as debêntures de infraestrutura, títulos incentivados com isenção de imposto de renda, até agosto, somaram R$ 21,8 bilhões, e há potencial que cresça ainda mais até o fim de 2023. Os dados são da gestora JGP, que divulgou um compilado no jornal Valor Econômico. De acordo com a JGP, a estimativa de mercado é de alcance entre R$ 40 bilhões e R$ 45 bilhões até o fim de 2023. Isso representaria um aumento de pouco mais de 10% em relação ao volume captado no ano anterior.

Além do setor de saneamento, com duas megaoperações recentes – das empresas Aegea e Iguá, que somaram R$ 10 bilhões e registraram ampla demanda de investidores -, energia e rodovias deverão puxar para cima o volume antes do fim do ano. Esses dois setores foram responsáveis por 90% do volume captado em 2022, segundo dados consolidados pelo Ministério da Economia.

Em energia, entre as operações mais recentes está a da Eletrobras. A companhia levantou R$ 7 bilhões com debêntures em setembro, sendo R$ 4 bilhões com títulos incentivados. Também no mesmo mês, a Suzano fechou a captação de R$ 2 bilhões com títulos. Enauta, Taesa e VLI Multimodal estão entre as companhias também com operações.

O responsável pelo banco de investimento do Bradesco BBI, Felipe Thut, afirma que estão na fila muitas operações, mas o início do ano, travado para operações para mercado de capitais, prejudicou o segmento. “Com isso, se perdeu volume do ano e vai acabar ficando aquém do que poderia ter sido”, diz. O executivo aponta que o cenário atual tem sido muito atrativo para investimento nesses papéis, dado que o momento é de fechamento das taxas de juros. “E ainda estamos vendo taxas muito atrativas.”

Ricardo Russo, chefe da área de infraestrutura de Pinheiro Neto Advogados, afirma que o segundo semestre aquecido também é reflexo de um represamento de operações e que há setores, como o de saneamento, que precisam de investimentos pesados. “O segmento de ferrovia, por exemplo, está copiando o marco de saneamento. A área de saneamento teve uma revolução e a demanda nesse segmento vai crescer muito”, diz.

A maior parte das ofertas de debêntures registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no mês de setembro envolve títulos de infraestrutura, um movimento o que é explicado sobretudo pela demanda por esses títulos. “Agosto foi o primeiro mês em que a indústria de crédito teve captação positiva, após um período de saídas, mas especificamente em infraestrutura notamos que essa captação começou mais cedo, há cerca de cinco meses”, diz Antônio Pedro de Leão Teixeira, sócio e gestor da JGP responsável pela área de infraestrutura.

Para 2024 a visão é a de que o mercado é ainda maior, com uma mudança de regras recente que abarcou mais setores elegíveis a emitir papéis incentivados, como saúde e educação.

Segundo dados recentes do Ministério da Economia,  o potencial de emissões de títulos, considerando apenas projetos de infraestrutura, era de R$ 255,8 bilhões no fim de 2022, O número considera o capex de projetos já autorizados. A maior parte desse montante, cerca de 72%, corresponde a projetos de empresas de energia.

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