Auren Energia, controlada pelo grupo Votorantim e pelo fundo canadense CPP, comprou a AES Brasil, em uma transação que cria a terceira maior geradora de energia do País. Com o negócio, a Auren salta dez posições no ranking nacional de geração de energia, passando a ter potência instalada de 8,8 GW – 2,4 vezes sua capacidade atual – ficando atrás apenas da Eletrobrás (44,7 GW) e da Engie (10,7 GW). Seu valor de mercado atinge agora R$ 30,8 bilhões.
A transação pode envolver troca de ações, pagamento em dinheiro ou combinando as duas formas, a depender da escolha dos acionistas da AES Brasil – a norte-americana AES Corporation, majoritária, BNDES, Luiz Barsi e minoritários. A venda da AES Brasil estava em andamento há vários meses e a Auren, que detinha 5% da companhia, era apontada como um dos potenciais compradores do ativo. Com o negócio, o grupo norte-americano, antigo controlador da Eletropaulo, deixará o País.
A Auren incorpora um portfólio de usinas hidrelétricas, eólicas e solares em operação e em construção da AES, saltando para 39 ativos e receita líquida de R$ 9,6 bilhões. A empresa passará a ser a maior comercializadora de energia do Brasil, com 4,1 GW médios de energia vendida – equivalente a mais de 5% do consumo total do País – e um quadro de 1.500 clientes.
A combinação de negócios da Auren com a AES Brasil criará uma plataforma composta por um portfólio robusto de geração de energia renovável e EBITDA combinado, relativo a 2023, de R$ 3,5 bilhões. Do portfólio de geração que a nova empresa terá, 3,6 GW já pertencem à Auren, enquanto os outros 5,2 GW virão da AES, a maior parte de fonte hídrica.
“Auren se tornará uma das melhores combinações do País sob o aspecto de diversificação de fontes renováveis, por meio da distribuição de sua capacidade em geração hidrelétrica (54%), geração eólica (36%) e geração solar (10%)”, diz a empresa, em comunicado. Atualmente, a companhia ocupa a 11ª posição entre as maiores geradoras do Brasil.
Desde sua criação, a Auren se apresentava com disposição para estar entre as grandes geradoras de energia do Brasil, participando de vários leilões. Com a aquisição da AES Brasil, a empresa prevê sinergias corporativas da ordem de R$ 1,2 bilhão, incluindo “otimizações na estrutura e despesas de serviços e sistemas” — além de sinergias operacionais e financeiras.
Dentre as convergências operacionais, a empresa destacou a “adoção das melhores práticas de planejamento, investimento e operação para recuperar o nível de disponibilidade consolidada dos ativos adquiridos.” A Auren revelou que a transação permitirá ainda a possibilidade de utilizar créditos fiscais da CESP da ordem de R$ 800 milhões, reduzindo sua carga tributária.
Auren foi criada em 2022 a partir da integração dos ativos de energia da Votorantim S.A e do CPP Investments. Os 4,2 GWm de energia vendida em 2023 a torna líder na comercialização de energia no mercado livre. Sua capacidade instalada é 3,2 GW, sendo que 58% do portfólio é composto por ativos hídricos – 2,1 GW, distribuídos em oito UHEs em operação. Possui 31 parques eólicos que representam 27% do portfólio, gerando 982,2 MW. Em novembro passado, a empresa iniciou os testes do complexo solar Sol do Piauí e o parque iniciou sua operação comercial no início de janeiro deste ano. Com os projetos em desenvolvimento, a fonte solar deve atingir 548 MW de capacidade instalada.
Há 25 anos no Brasil, a AES é uma geradora de energia 100% renovável. Possui portfólio diversificado, com um total de 5,2 GW de capacidade instalada, sendo 4,5 GW em operação e mais de 700 MW em construção.
Auren – portfólio em operação
Nome | Localização | Fonte | Capacidade instalada (MW) | Prazo de concessão / autorização |
Ventos do Piauí I | PI | Eólica | 206 | 2055 |
Ventos do Piauí II | PI | Eólica | 207 | 2055 |
Sol do Piauí | PI | Eólica | 48 | 2051 |
Ventos do Araripe | PI | Eólica | 358 | 2049 |
Amador Aguiar I e II | MG | Hídrica | 45,1 | 2042 |
Picada | MG | Hídrica | 39,7 | 2041 |
Igarapava | MG | Hídrica | 39,9 | 2031 |
Porto Primavera | SP | Hídrica | 1.540 | 2056 |
Machadinho | SC | Hídrica | 40,8 | 2035 |
Barra Grande (Baesa) | SC | Hídrica | 71,2 | 2041 |
Campos Novos | SC | Hídrica | 153,9 | 2039 |
Campos Novos (Enercan) | SC | Hídrica | 156,9 | 2039 |
Fonte: Auren
AES Brasil – portfólio em operação
Nome | Localização | Fonte | Capacidade instalada (MW) | Prazo de concessão / autorização |
Salinas | RN | Eólica | 50 | 2047 |
Ventus | RN | Eólica | 187 | 2045 |
Mandacaru | CE | Eólica | 108 | 2045 |
Ventos do Araripe | PI | Eólica | 210 | 2049 |
Caetés | PE | Eólica | 182 | 2049 |
Alto Sertão II | BA | Eólica | 386 | 2047 |
Tucano | BA | Eólica | 322 | 2055 |
Bacias rios Tietê e Grande (12 UHEs e 3 PCHs) | SP | Hídrica | 2.658 | 2032 (UHEs) 2036 (PCHs) |
Guaimbê | SP | Solar | 150 | 2050 |
Ouroeste | SP | Solar | 145 | 2053 |
Cassino | RS | Eólico | 64 | 2046 |
Fonte: AES
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