Ao assumir, dia 8 último, a Secretaria dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, Clodoaldo Pelissioni , que até então respondia pela Secretaria de Logística e Transportes do governo paulista, disse que, para começar ali um bom programa de trabalho, se fazia necessário, antes de tudo, ouvir os técnicos. Afirmou textualmente: “Vamos ouvir os técnicos. Quanto mais se ouve os técnicos, menos se erra”.
Sobram razões ao secretário. Caso esse tipo de conselho, que não é de hoje, mas desde que o homem é homem, estivesse sendo observado, muitos erros não teriam sido cometidos. E, muitos prejuízos, para o conjunto da sociedade, teriam sido evitados.
É o caso, por exemplo, do abastecimento de água. Há quantos anos técnicos de notável importância e presença dentro e fora de governos, nas várias instâncias, vêm pregando no deserto. Lembro de vários. Eles começaram a se manifestar logo depois da inauguração do sistema Cantareira. Diziam: É preciso continuar. É necessário ampliar. Em especial, é necessário prospectar novas fontes de captação de água. Porque, fontes existem. Mas as diversas administrações, do governo e da Sabesp, não levaram o conselho em consideração.
No caso da energia elétrica, a mesma coisa. Diversos técnicos e especialistas pregaram no deserto. O governo assobiou de lado, como se não fosse com ele, e seguiu de fininho. Resultado: os preços da energia foram negligenciados. O governo se preocupou apenas em mantê-los em patamar inferior, ao menos até que passassem as eleições. Não cuidou de construir reservatórios com dimensão compatível com os empreendimentos hidrelétricos e não cuidou de compatibilizar os prazos da construção de hidrelétricas com os prazos das montagens das linhas de transmissão. O resumo da ópera é esse que se está vendo.
E a Petrobrás? Também ali não foram ouvidos os técnicos. Ao contrário. Os quadros técnicos foram colocados à margem, para se dar visibilidade aos pavões da política. Então, aconteceu o que se previa: essa tragédia que se abateu sobre a maior empresa brasileira.
Por sorte, alguns dos quadros políticos estão sendo desmontados. Mas, será que esse governo está aprendendo alguma coisa com tantos erros que vem cometendo? De qualquer modo é bom ouvir uma voz alertar, enfaticamente: “Vamos ouvir os técnicos”.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira