Sustentabilidade: Planta para reciclagem eletrônica em SP se torna a maior da América Latina

Sustentabilidade: Planta para reciclagem eletrônica em SP se torna a maior da América Latina

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Localizada em São José dos Campos (SP), a planta de mineração urbana com foco na manufatura reversa de eletrônicos e linha branca, teve sua capacidade ampliada de 30 mil toneladas para 80 mil toneladas de eletroeletrônicos por ano e se tornou a maior da América Latina. A nova unidade foi inaugurada no final de novembro pela Ambipar, líder global em soluções ambientais, que investiu R$ 100 milhões no empreendimento.

A unidade já processava materiais eletrônicos de pequeno e médio porte e com a expansão e as novas tecnologias implantadas, passa a descaracterizar equipamentos de médio e grande porte, como fogão, máquina de lavar e micro-ondas, além de produtos da linha marrom, azul e verde.

Neste processo, são separados sete tipos de matérias-primas como plástico, ferro, alumínio, cobre, latão, placas eletrônicas e inox, e que são reinseridos no mercado para a fabricação de novos produtos (economia circular).

Em aparelhos onde são armazenados dados sigilosos, como computadores e celulares, todo o processo de manufatura reversa preza por garantir segurança ao cliente, com trituração dos aparelhos nas dimensões de 1 a 8 milímetros e de 10 a 35 milímetros para os demais eletrônicos. Desta forma, os dados são eliminados. Todo o processo de descaracterização é filmado e auditado pelos clientes e Ambipar.

“O nosso objetivo é contribuir com a redução da emissão dos gases de efeito estufa na atmosfera e a contaminação do solo. O processo de recuperação e tratamento adequado desse tipo de resíduo permite preservar os recursos naturais e evita a extração de novas matérias- primas necessárias para indústria”, explica Marcelo Oliveira, Head da unidade de mineração urbana da Ambipar Environment.

Como funciona a planta

Considerada agora a maior planta de mineração urbana da América Latina voltada à manufatura reversa de equipamentos eletrônicos, Marcelo Oliveira, Head da unidade de mineração urbana da Ambipar Environment, detalhou em entrevista à revista O Empreiteiro, sobre o funcionamento da unidade de reciclagem em todas as etapas. Confira na íntegra:

OE – Desde quando existe a planta?

A unidade de mineração urbana de São José dos Campos foi criada em 2002. Em outubro de 2023 foi realizada uma fusão com a Ambipar, líder global em soluções ambientais.

OE – Como é feita a captação do material para reciclar (compram ou apenas recebem)?

Temos duas formas de captação de material: o B2B, que é o pós-venda das indústrias. Todo produto que dá defeito no prazo de garantia, ele volta para a assistência técnica para ser consertado, que volta para o fabricante. O fabricante consolida o seu estoque, juntadas as peças que deram defeito e enviam para a Ambipar. Isso é o pós-venda e somos muito fortes nesse quesito.

Hoje, 90% do volume que recebemos é de pós-venda. Em resumo, os produtos eletrônicos que dão defeito durante o período de garantia e que voltam para o fabricante vão para a unidade da Ambipar em São José dos Campos.

Outra forma é com as cooperativas de todo país, que coletam e enviam os produtos eletrônicos para a unidade da Ambipar. Incluindo, máquinas espalhadas pelas cidades que fazem a coleta desse tipo de resíduo.

OE – Pontos de coleta municipais, geralmente, não recebem equipamentos eletrônicos, existe alguma parceria com a prefeitura local?

Em São José dos Campos temos parceria com a prefeitura. Na cidade, há diversos Pontos de Entrega Voluntária (PEV), que encaminham os materiais para cooperativas, que os direcionam para a Ambipar. Só neste ano coletamos mais de 150 toneladas de eletrônicos apenas com essa parceria em São José dos Campos.

OE – A Ambipar realiza trabalhos com comunidades locais para coleta?

Com a comunidade local o trabalho é feito por meios dos Pontos de Entrega Voluntária, onde as pessoas podem descartar seus eletrônicos gratuitamente tendo a certeza e a segurança da destinação final ambientalmente adequada.

Trabalhamos também com cooperativas, onde realizamos parcerias para melhorar o processo de coleta e triagem dos eletrônicos, aumentando o volume coletado e reciclado destes equipamentos.

OE – Existe alguma parceria com grandes empresas produtoras desses materiais?

Temos parceria com alguns dos principais fabricantes de eletrônicos no Brasil. Hoje, 90% do volume que recebemos é de pós-venda, de peças com defeito.

OE – Quais foram as novas tecnologias trazidas nessa expansão (separação, britagem, moagem)?

Nesta nova planta buscamos implementar as soluções para trituração e separação automatizada dos eletroeletrônicos, porém em larga escala (para equipamentos de grande porte) e todas as etapas de separação estão interligadas, resultando em um processo contínuo de forma integrada. Isso significa que é possível abastecer a máquina com os equipamentos eletroeletrônicos inteiros, que são triturados e seus resíduos são separados de modo automático, gerando ao final, os materiais que são encaminhados para a reciclagem, como ferro, plástico, vidro e os metais não ferrosos.

Esta nova fábrica possui também tecnologia para permitir a separação dos plásticos por infravermelho, separando as frações por tipo (ABS, PP, PET…) e também a separação dos metais não ferrosos por raio-X, segregando o inox, alumínio, cobre e latão, também de forma automatizada.

OE – O material gerado é revendido ou distribuído de volta para as cooperativas?

Os materiais processados na Ambipar são transformados em matérias – primas e revendidas para as respectivas indústrias de plástico, ferro, alumínio, cobre, latão, placas eletrônicas e inox, para a fabricação de novos produtos.

OE – A planta utiliza energia limpa e de qual fonte?

Sim, estamos em um condomínio empresarial onde 100% da energia consumida vem de fontes renováveis, comprovado por meio da compra dos certificados i-REC (Certificado Internacional de Energia Renovável).

 

 


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