Com a ampliação em curso, a Linha 2-Verde chegará até a Penha, na Zona Leste de São Paulo, conectando-se com a Linha 3-Vermelha e fazendo dela a mais extensa do metrô paulistano, com 23 km. Oito novas estações estão sendo construídas a custo total de R$ 13,4 bilhões, a ser pago pelo governo do Estado.
As obras estão sendo tocadas por quatro consócios em seis diferentes lotes: Cetenco-Acciona-Ferreira Guedes, Consórcio Construtor Linha 2, Crasa e Consórcio Linha 2-Verde-Vila Prudente Dutra. “O novo trecho vai redistribuir a demanda de passageiros nas demais linhas de metrô e trem, reduzindo o tempo de deslocamento e oferecendo maior conforto aos passageiros”, afirma, em nota, a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô).
O prolongamento se estenderá por 8,5 km e incluirá as estações Orfanato, Santa Clara, Anália Franco, Vila Formosa, Santa Isabel, Guilherme Giorgi, Aricanduva e Penha. A primeira fase da obra compreende o trecho entre a Vila Prudente e a Vila Formosa, com previsão de início de operação em 2026, enquanto a segunda etapa, de Vila Formosa até a Penha, está prevista para operar em 2027.
Até o momento, segundo o Metrô, a expansão conta com aproximadamente 1,3 km de túneis escavados e 1,6 km total percorrido. O Tatuzão está agora em Anália Franco, realizando a escavação no sentido da estação Santa Clara, parando no poço Cestari. O último destino dessa etapa é o poço de ventilação e saída de emergência (VSE) Falchi Gianini, que passará também pela futura estação Orfanato e chegará à estação Vila Prudente.
Um dos destaques da futura estação Anália Franco, aponta o Metrô, é que ela está sendo construída para atender os requisitos de obtenção do certificado LEED BD+C, selo que indica práticas sustentáveis em edificações. A construção da estação leva em conta diversos fatores para minimizar o impacto ambiental: ações de prevenção da poluição, armazenamento e coleta de recicláveis, gerenciamento e controle dos resíduos de obra civil.
O projeto também prevê um sistema de captação de água de chuva para o uso racional do líquido que utiliza dispositivos hidráulicos que reduzem em, pelo menos, 20% do consumo de
água potável. A estação também contará com um sistema para controle do consume de energia elétrica. Por esse motivo, toda iluminação será feita com luminárias de LED, as escadas rolantes terão controle de frequência para redução do gasto e haverá placas solares pela estação para o aquecimento de água.
Após a conclusão desse trecho, a tuneladora Shield será desmontada e remontada no canteiro de obras da estação Penha, para escavar no sentido do Complexo Rapadura, concluindo todo o túnel. Segundo a Companhia do Metrô, “ao ser conectada com a Linha 3-Vermelha, 1,2 milhão de pessoas serão beneficiadas, além de diminuir os tempos de trajeto da população da Zona Leste e redistribuir o fluxo de passageiros de toda a rede sobre trilhos”.
Linha 2 terá novo sistema elétrico
Em julho, o Metrô assinou contrato com a Agis Construção para o fornecimento e instalação de sistemas de alimentação elétrica, auxiliares e de telecomunicações no novo trecho da Linha 2. O sistema será implementado principalmente entre as estações Vila Prudente e Penha, com o investimento de R$ 1,98 bilhão revertidos pelo governo do Estado.
Parte do aporte financeiro para esse investimento será proveniente do Banco Mundial (Bird), que vai financiar cerca de US$ 160 milhões (aproximadamente R$ 875 milhões) do montante previsto. O contrato compreende serviços tanto para a futura ligação Vila Prudente até a Penha quanto para a trecho já em operação (Vila Madalena-Vila Prudente), de forma a unificar e padronizar os sistemas, garantindo a operação dos trens na extensão total da linha.
Para o trecho em obras, a contratação compreende a instalação de sistemas de alimentação elétrica de baixa, média e alta tensão, responsáveis pela tração dos trens e outros componentes, bem como sistemas auxiliares, voltados à ventilação, funcionamento das 179 escadas rolantes, 63 elevadores, 33 fachadas de portas de plataforma e detecção e extinção de incêndio, além de iluminação. Prevê também sistemas de telecomunicação e fibra ótica, responsáveis pela transmissão de dados, controle de acesso, arrecadação, monitoramento eletrônico e multimídia.
Já para o trecho em operação, informa o Metrô, serão instaladas portas de plataforma em oito estações, além da modernização do sistema de alimentação elétrica para tração dos trens, com a substituição de 11 km do terceiro trilho (barras para a captação de energia pelas composições) e novos sistemas de telecomunicação.
A Linha 2 conta com outros dois projetos de expansão futuros, que vão conectar, em uma ponta (oeste), a estação Vila Madalena a até a futura estação Cerro Corá, na rua de mesmo nome do Alto de Pinheiros, e a estação Penha à futura estação Dutra, em Guarulhos, levando o metrô para fora da capital.
Essa ampliação no sentido Dutra tem 5,8 km de extensão e projeto para cinco novas estações, um pátio e capacidade para 13 novos trens. A expansão para Cerro Corá tem 1,3 km de extensão e previsão de uma nova estação. Segundo o Metrô, esses dois projetos estão em fase de projeto executivo e anteprojeto de engenharia, respectivamente.
Conhecida como a “Linha da Paulista”, a Linha 2-Verde foi uma das primeiras a serem planejadas, ainda na década de 1960. Era para ter suas obras iniciadas juntamente com a Linha1-Azul (ou Norte-Sul), em 1968, porque havia o interesse na época em conectar ao sistema a Avenida Paulista, então centro financeiro da capital.
Mas ela acabou preterida pela Linha 3-Vermelha (Leste-Oeste), que foi inaugurada antes. Sua construção só teve início efetivamente nos anos 1980, sendo que em 1987 teve inaugurado seu primeiro trecho, de 2,9 km, entre as estações Paraíso e Consolação. Atualmente, a Linha 2 tem 15 km de extensão e 14 estações e se conecta a outras quatro linhas: 4-Amarela, 1-Azul, 5-Lilás e 10-Turquesa (esta da CPTM).