Uso do BIM em obra de reservatório agiliza intervenções

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Por questões contratuais e considerando a experiência bem sucedida pregressa, a Odebrecht Engenharia e Construção (OEC) adotou o BIM na obra do Reservatório Novo Marapicu, que faz parte do Sistema Guandu de abastecimento de água do Rio de Janeiro. De acordo com a empresa, o uso da ferramenta permitiu viabilizar intervenções de alto impacto em tempo hábil no desenrolar da obra.

 O projeto é um investimento da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), com o objetivo de aumentar a oferta de água para a Baixada Fluminense e proporcionar maior flexibilidade operacional ao Sistema Guandu. O novo reservatório beneficiará diretamente os municípios de Duque de Caxias, São João do Meriti, Nova Iguaçu, Nilópolis, Belford Roxo e, indiretamente, a cidade do Rio de Janeiro, garantindo abastecimento para mais de três milhões de pessoas. “Independentemente das responsabilidades contratuais, a OEC tem como estratégia corporativa a adoção sistemática do BIM na execução de novas obras.

Alinhado a esse objetivo, buscou-se ir além das expectativas inicialmente previstas, adotando-se a captura de realidade e a utilização do as built como ferramentas de acompanhamento da produção, de forma a prever interferências e problemas prematuramente, que passariam despercebidos caso se utilizassem as metodologias tradicionais”, afirma a empresa, destacando que utiliza o BIM desde 2003 em suas obras.

De acordo com a empresa, a implementação do BIM nesse projeto foi muito bem planejada, em tempo hábil para viabilizar intervenções de alto impacto e baixo custo sempre que necessário, levando em conta os princípios da Curva de MacLeamy, que analisa a distribuição de tempo-esforço ao longo dos processos do projeto e construção. Dentro desse ambiente, a utilização do CDE (sigla em inglês para Common Data Environment ou ambiente comum de dados) agilizou a análise de projetos e suas revisões. Com a integração e disponibilidade dos projetos para todos os projetistas envolvidos, promoveu-se a colaboração e uma melhor coordenação das equipes.

 A utilização de recursos para a indicação de problemas é, segundo a empresa, uma excelente forma de sinalizar as questões levantadas para toda a equipe de projeto, além de garantir histórico de toda tratativa e possibilitar análises futuras para mitigação de erros. Embora o BIM não possa mais ser considerado propriamente uma inovação na engenharia, sua aplicação em obras de infraestrutura ainda impõe alguns desafios às empresas de construção, devido à complexidade de alguns projetos. No caso do reservatório, com os usos do BIM previamente mapeados, foi definido em conjunto com o cliente que os projetos seriam desenvolvidos com a utilização das ferramentas BIM AEC Collection, da Autodesk.

Mais precisamente, foram utilizados os softwares Revit, Civil 3D, Navisworks, Recap Pro e a plataforma Autodesk DOCS como CDE, para viabilizar o trabalho colaborativo. No Plano de Execução BIM (BEP) estão definidos, entre outras informações, os níveis de detalhe (Level of Development – LOD) dos principais elementos do projeto, bem como os metadados que deverão constar no modelo as built. Foram adotadas nas especificações de LOD as diretrizes do BIM Fórum – já os requisitos mínimos referentes ao metadados necessários no modelo as built foram especificados pelo cliente.

Após análise crítica do cliente e da equipe colaboradora, os documentos foram liberados para obra, lembrando que a consistência global do projeto é também avaliada periodicamente considerando-se todas as disciplinas em um modelo federado, ainda que sejam eventualmente utilizadas versões preliminares, para uma verificação e detecção prematura de possíveis divergências ou incompatibilidades. Visa-se assim garantir, segundo a OEC, uma melhor integração entre as diversas disciplinas na fase de elaboração dos respectivos projetos. Para o projeto do reservatório foram feitos levantamentos topográficos realizados por aerofotogrametria com o emprego de drones. O processamento das fotos foi realizado por uma empresa subcontratada, para a composição de ortofotos, o modelo digital do terreno e uma nuvem de pontos da região do projeto. Dentre os produtos do levantamento aerofotogramétrico, a nuvem de pontos se mostrou extremamente útil quando combinada aos modelos do projeto executivo, possibilitando a verificação de interferências e melhorias de projeto em um espaço de tempo extremamente curto. Um BIM 4D foi utilizado. A simulação 4D representa a sequência construtiva adotada, contemplando as atividades necessárias e método construtivo para execução da obra.

 Essa simulação é feita com o software Navisworks, tendo sido o cronograma previamente elaborado no MS Project. Foi realizado inicialmente um piloto, que contemplou a modelagem e o planejamento da construção do canteiro da OEC, uma iniciativa preparatória para a equipe responsável pela elaboração do modelo 4D dos projetos da fase executiva da obra.

Outro aspecto da implementação é o as built da tubulação, que é realizado semanalmente, permitindo uma avaliação do andamento da obra e identificação de desvios, além do estudo de possíveis melhorias. Metadados são incorporados ao modelo, de acordo com os requisitos do cliente. A integração dos metadados viabiliza a rastreabilidade de tubos, soldas, escavações, aterros, elementos estruturais, subsidiando a extração de quantitativos. Essas informações favorecem a tomada de decisões técnicas ou definições de novas soluções, quando necessário.

Conforme a obra avança e o as built é atualizado, as informações associadas ao modelo já serão utilizadas como Data Book do contrato, incluindo dados de controle tecnológico de aterro, concreto, armaduras, ensaios de solda na tubulação etc. Atendidos os requisitos do cliente, são mapeadas no modelo as principais interferências encontradas ao longo de cada trecho.

 Essas informações colaboram para tratativa antecipada de possíveis desvios corretivos, mais precisamente na previsão de insumos e prazos necessários para estas ações, fornecendo um modelo de gestão de ativos útil e funcional para futuras obras e intervenções necessárias. Adicionalmente, estão previstos o cadastro das prospecções e as sondagens geotécnicas realizadas nas regiões de projeto, além de edificações residenciais e comerciais onde foram realizadas vistorias cautelares.

Esse cadastro resulta em metadados com acesso aos resultados de sondagens realizadas, além dos laudos de vistoria cautelar. Tais informações auxiliam no mapeamento de locais em que foi observado qualquer impacto pela execução das obras e direciona tomadas de decisões a curto prazo. Com a finalidade de mensurar o impacto da utilização do BIM, ainda que no seu estágio inicial de implementação, foi escolhida uma interferência detectada no trecho aéreo para estudo.

No caso, houve uma interferência do muro de ala do encontro com a tubulação de distribuição e a solução proposta foi o afastamento adequado entre a fundação dos tubos e o muro. De acordo com a empresa, um estudo demonstrou que, caso fosse utilizada a metodologia tradicional, esse conflito somente seria detectável no momento de lançamento do tubo de distribuição.

 A utilização de desenhos e plantas 2D tornaria essa análise e verificação morosa e visualmente difícil de identificar. Entre as potenciais consequências de conflitos dessa natureza, destacam-se: a paralisação temporária da frente de serviço, análises e revisões de projeto e a validação de uma solução com alteração de projeto junto ao projetista responsável. Já com a identificação de interferências ainda na fase de projeto com o uso de ferramentas BIM possibilitou revisões pontuais corretivas para as adequações necessárias no projeto com a devida antecedência, sem gerar custos, paralisações ou atrasos durante a fase de obra.

AUTORES
Aaron Farah
Eng. Civil – Engenharia
Alberto Pomponet
Eng. Segurança do Trabalho
Juliana Vilar
Eng Civil – Produção
Leonardo Barbosa
Eng Civil – Gerente Operacional do Contrato
Lucas Curityba
Eng. Civil – Coord. de Planejamento/Custos
Maico Anjos
Eng Civil – Coordenador de Produção
Mariana Alcantara
Eng Civil – Coordenador Medição Cliente
Sandro Cruz
Eng Civil – Coordenador Qualidade
Tamires Dias
Eng Civil – Coordenadora de Engenharia
Wagner Viana
Eng Civil – Gerente de Engenharia


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