As vendas brasileiras para o Iraque devem ganhar um impulso adicional neste final de ano. O ministro do Planejamento, Ali Baban, coordenador do orçamento do país, virá ao Brasil na primeira quinzena de outubro para cumprir uma agenda política, que será definida pelo Ministério de Relações Exteriores brasileiro, o Itamaraty, e realizará encontros com empresas do setor de infra-estrutura.

A visita de Baban indica uma mudança no perfil das encomendas iraquianas que direcionavam as licitações relacionadas a produtos e serviços de infra-estrutura e tecnologia para os Estados Unidos, Japão e países da Europa. Segundo Jalal Chaya, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Iraque, "agora o Iraque está abrindo uma janela de oportunidades para países emergentes, como o Brasil e a China por conta dos custos e porque que eles têm tecnologia e produtos similares", comenta Chaya. Os interesses iraquianos devem se concentrar no segmento de energia elétrica (subestações, transformadores e cabos elétricos), construção de refinarias e tanques de transporte de óleo bruto, informa Chaya.

O comércio bilateral está em expansão puxado pelas compras estatais e por uma classe empresarial que começa a se formar no Iraque, depois de 15 anos de embargo por conta da intervenção militar dos Estados Unidos. De acordo com Chaya, 33% dos negócios já são realizados pela iniciativa privada, principalmente via Jordânia.

A triangulação ainda é uma operação necessária para as exportações que tenham como destino o mercado iraquiano. De acordo com o presidente da Câmara, as limitações de infra-estrutura e medidas de segurança forçam a adoção de rotas que passam por países vizinhos. "O Iraque não tem infra-estrutura de armazenagem, energia elétrica, mas isso vem diminuindo a cada mês", afirma Chaya.

As condições começam a melhorar no Kurdistão, ao Norte do Iraque, que conta com 80% de cobertura de energia elétrica e recebe 17% do orçamento nacional, que representa entre US$ 11 bilhões e US$ 12 bilhões.
Esta região, diz Chaya, se desenvolveu mais rapidamente em comparação ao Sul.

Novos projetos
As exportações entram no país via Turquia, que faz fronteira com o Kurdistão, e Síria, e também pelos portos do Kuwait, Dubai e Jordânia. Nesta região estão em andamento projetos de construção de complexos hoteleiros turcos e dos Emirados Árabes Unidos, além de prédios comerciais. Empresas chinesas e japonesas também atuam na implantação de hospitais.

O processo de reconstrução está aberto a empresas brasileiras que podem atuar como fornecedoras terceirizadas de serviços. "A Odebrecht pegou dois contratos de empresas norte-americanas para construir termelétricas em Beji e Bashra, no Sul, próximo da fronteira com o Kuwait", informa Chaya.

Onde outros estão
O retorno da embaixada brasileira para Bagdá ainda não se concretizou. Segundo Chaya, o Itamaraty deverá alugar uma nova sede dentro da área verde, de segurança máxima, onde a maioria das embaixadas opera.

O governo iraquiano, no entanto, iniciou um movimento de transferência de seus ministérios para fora deste casulo de proteção. Chaya comenta que vários ministros saíram desta área e estão despachando em prédios instalados além desses limites. Isto ocorreu porque o governo considerou que, "se a população vive fora da área verde, os ministérios também o farão", comenta Chaya.

Fonte: Estadão