A Eletrobrás vai apresentar ao Ministério de Minas e Energia, nos próximos dias, um projeto estimado em R$ 31 bilhões para a construção do Complexo Tapajós, que terá capacidade instalada para a geração de mais de 10 mil megawatts (MW) de energia. O estudo de inventário do rio Tapajós foi finalizado recentemente, em parceria com a CNEC, empresa de engenharia do grupo Camargo Corrêa. As empresas estão fazendo agora o estudo de viabilidade do projeto que prevê a instalação de cinco usinas, todas dentro do mesmo plano de investimentos.

Se fosse realizada hoje a venda da energia do Complexo Tapajós, o preço médio nas cinco usinas giraria em torno de R$ 65 o MW/h, segundo dados apresentados ontem pelo presidente da Eletrobrás, José Antônio Muniz Lopes, em seminário promovido pela CNEC. Os preços ficam muito em linha com os negociados no leilão das usinas do Rio Madeira.

No estudo de inventário de Tapajós foi possível identificar um potencial de 14 mil MW, mas a Eletrobrás optou por montar um plano que excluísse áreas habitadas por índios e parte do parque nacional da Amazônia. Um dos objetivos é reduzir impactos ambientais e sociais e facilitar a aprovação do projeto.

A usina de Belo Monte, por exemplo, outro projeto no coração da Amazônia, nem foi leiloada ainda e o projeto já está sendo contestado em quatro ações civis públicas diferentes. A expectativa, entretanto, é de que a usina seja leiloada no próximo ano.

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, diz, entretanto, que após a aprovação do estudo de viabilidade e inventário, o Complexo Tapajós leva cerca de três anos até ser leiloado. Antes disso, outros projetos de peso estão na fila dos grandes leilões de energia. Além de Belo Monte, que tem capacidade de 11 mil MW, os outros dois grandes projetos hidrelétricos a serem vendidos nos próximos anos são os de Teles Pires e Marabá, com capacidade média cada uma para produzir 2 mil MW.

O presidente da CNEC, José Ayres de Campos, explica que entre os parques nacionais na Amazônia existem faixas sem donos e que a idéia do complexo Tapajós é fazer uma espécie de cinturão nessas áreas. O presidente da Eletrobrás afirmou que a grande diferença do projeto de Tapajós para o de Belo Monte é não atingir um conjunto de áreas protegidas. "Pelo contrário, Tapajós vai possibilitar transformar em reserva mesmo áreas que hoje não são protegidas", disse Lopes.

Uma das idéias é fazer o projeto com base em plataformas, como as petrolíferas, sem necessidade de que as pessoas morem no entorno das usinas, evitando assim o impacto ambiental da ocupação. Das cinco usinas previstas no projeto, a maior delas é a de São Luiz de Tapajós, com capacidade de gerar pouco mais de 6,3 mil MW e que vai exigir investimentos de R$ 18 bilhões.

Para minimizar os impactos ambientais do alagamento de regiões de floresta, as usinas que vão ser construídas na Amazônia não possuem reservatórios.

Por causa disso, a capacidade de geração se concentra nos primeiros seis meses do ano, época de maior chuva. Mas já existem estudos e projetos, segundo o presidente da Eletrobrás, para se fazer uma troca de energia com a Venezuela, onde as bacias possuem um regime de chuva invertido, ou seja, há mais chuva no segundo semestre. Outra forma de complementar a geração de energia das usinas da Amazônia é o investimento na produção eólica.

O projeto de Tapajós deve ficar dentro dos planos de investimentos do PAC Eletrobrás. Ao todo, prevê-se investir R$ 93 bilhões. Cerca de R$ 37 bilhões desse total já está em fase de análise de viabilidade, outros R$ 28 bilhões em fase de inventário e R$ 19 bilhões em implantação de usinas hidrelétricas.

Fonte: Estadão