Nesse momento, as indagações generalizadas se voltam para a intensificação das especulações financeiras em cima da moeda nacional. O real já se desvalorizou quase 50% ao longo de outubro e novembro, mas a inflação, ao contrário de explodir diante do aumento da sua fragilidade, diminui, de acordo com os números anunciados ao longo da semana, embora as pesquisas dos banqueiros, seguidas pelo BC, sinalizassem o contrário.
Por isso, a surpresa geral está perpassando o mercado, sentindo cheiro de pólvora no ar.
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Por que o dólar, na quinta feira, 4, pulou para mais de R$ 2,50?
Por que o Banco Central somente atuou no final do pregão, para evitar a especulação, quando, nas semanas anteriores, estavam jogando no ataque? Estaria interessado em manter pressão sobre a moeda nacional, para evitar redução das taxas de juros, já que dólar alto significaria, teoricamente, mais inflação à vista? Jogada especulativa para evitar a redução das taxas de juros na próxima semana, a fim de continuar mantendo os altos lucros dos bancos, enquanto o setor produtivo vê o barco da economia afundar?
Essas perguntas estão na cabeça dos políticos da aliança governista, no Congresso, que começam a ficar desesperados diante do aumento do desemprego, que, no início de 2009, pode ampliar consideravelmente. Seria desgaste total para o presidente e sua candidata à sucessão nas eleições 2010, ministra Dilma Rousseff, ao mesmo tempo em que estaria ampliando as chances dos adversários, José Sera, governador de São Paulo, e Aécio Neves, de Minas Gerais, que disputam, dentro do PSDB, a vaga para candidatura tucana.
Gigante dobra-se à recessão
Durante a semana, as notícias pioraram, consideravelmente, pintando anúncio tétrico: a Companhia Vale do Rio Doce (Vale), uma das maiores mineradoras do mundo, demitiu 1.300 trabalhadores e colocou em férias coletivas outros 5.000. Os preços dos minérios, com recessão mundial, caíram e a produção siderúrgica, conseqüentemente, encolheu.
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Resultado: a empresa, outrora estatal, rendeu-se à lógica das demissões trabalhistas quando a procura cai diante de uma oferta abundante. Entre a deflação visível e a demissão de trabalhadores, não titubeou.
O governo Lula tentou minimizar o assunto, jogando com o otimismo, enquanto a realidade desmentiu-o. No Congresso, onde depunha, na terça-feira (2), sobre a situação atual, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, não conseguiu vender o produto que o seu chefe tem ofertado em abundância no mercado em desaceleração: esperança em doses exageradas.
Sua contenção, relativamente, ao avanço das demissões, ficou transparente, evidenciando que o governo busca correr contra o prejuízo, preparando uma série de medidas fiscais, como diminuição de impostos e adiamento de pagamento de tributos, enquanto a queda dos juros não vem.
O incômodo governamental aumentou, substancialmente, com a conjugação dos discursos dos empresários e dos trabalhadores, no mesmo diapasão. Embora os representantes de seis entidades sindicais tenham se reunido na Esplanada dos Ministérios, na quarta, 3, para fazer pressão sobre os parlamentares, a fim de livrarem da cassação o deputado Paulinho da Força (PDT-SP), envolvido no escândalo de jogo de influência para liberar empréstimos do BNDES, os sindicalistas corporativistas aproveitaram, também, a oportunidade para defender a redução urgente das taxas de juros e a diminuição do superávit primário.
Fonte: Estadão
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