O presidente russo, Dmitri Medvedev, abortou, na noite de ontem, cerca de 24 horas após aprová-lo, um acordo selado com a Ucrânia para restabelecer o fornecimento de gás à União Europeia.

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A decisão surpreendeu Bruxelas, que considerava o impasse solucionado na manhã de ontem.
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Com o recuo, a crise energética prossegue, gerando críticas à companhia russa Gazprom, que não cumpriu sua parte no tratado.

O documento que deveria encerrar – ao menos de temporariamente – a disputa entre os ex-parceiros soviéticos foi assinado pelas partes no fim de semana, em Moscou e Kiev, com mediação da República Checa. O tratado estabelecia que observadores russos, ucranianos e europeus passariam a fiscalizar a circulação de gás. Até então, a Gazprom e o Kremlin justificavam o corte acusando a companhia ucraniana Naftogaz de desviar o combustível enviado à Europa para suprir seus próprios estoques. Pelo gasoduto Brotherhood, que corta a Ucrânia, transita 80% do gás enviado pela Rússia aos seus parceiros comerciais.

De acordo com Mirek Topolanek, primeiro-ministro da República Checa – país que exerce a presidência rotativa da União Europeia -, todas as condições para a retomada do fornecimento haviam sido cumpridas no domingo. “Nós conseguimos um acordo destinado a pôr fim ao impasse”, assegurou.
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“A Ucrânia aceitou os termos que a Rússia exigia para retomar o abastecimento.” Entretanto, após 11 dias de crise, o abastecimento não foi retomado.

No fim da noite, Medvedev declarou a uma emissora de TV russa que considerava o acordo anulado porque uma cláusula não prevista havia sido incluída pelo governo ucraniano.
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“Eu acredito que os que assinaram esse documento com uma ressalva compreendem bem as consequências jurídicas de seus atos”, justificou. “Nós somos obrigados a considerar o documento assinado como nulo e sem valor, não o aplicaremos até que esta ressalva seja retirada.
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À tarde, o governo russo e a Gazprom afirmavam não ter recebido o compromisso assinado pela primeira-ministra da Ucrânia, Iulia Timochenko. “Nós assinamos o protocolo hoje, afim de provar que a Ucrânia não constitui um obstáculo à entrega do gás russo”, desmentiu a primeira-ministra.

Até as 22h (19h de Brasília), a Comissão Europeia não havia se manifestado sobre a anulação anunciada pelo Kremlin. Antes, Bruxelas havia divulgado um comunicado exigindo o retorno do fornecimento. “A comissão estima que todas as condições fixadas pelas duas partes foram preenchidas e não há nenhuma razão para retardar mais a retomada do suprimento de gás”, dizia o texto.

Além do impasse sobre os observadores internacionais, também não há entendimento em torno de uma dívida, avaliada em US$ 2 bilhões, da Naftogaz com a Gazprom nem foi estabelecido o novo preço do gás. Esse conflito energético já é avaliado como o mais grave da história da União Europeia. Desde 1º de janeiro, mais de uma dezena de países foram prejudicados com a falta de gás.

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Bulgária, Eslováquia e Croácia estão em situação de emergência e ainda enfrentam um inverno rigoroso neste ano.
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Fonte: Estadão