O investimento da Petrobras em 2008 foi recorde e somou R$ 53,4 bilhões, 18% superior ao do ano anterior, quando foi investido R$ 45,3 bilhões. Em comunicado, a estatal diz que continua direcionando a maior parte de seus investimentos para a área de exploração e produção, que registrou um aumento de 26% na comparação com 2007, R$ 26,196 bilhões. A empresa também tem priorizando o desenvolvimento da sua capacidade de produção de petróleo e gás natural no Brasil.

Os investimentos da empresa no exterior, por sua vez, diminuíram 7% na mesma base de comparação, de R$ 6,574 bilhões para R$ 6,133 bilhões.

A área de gás e energia apresentou a maior variação porcentual em investimentos, com expansão de 50%, em razão da ampliação da malha de gasodutos para escoamento da produção. O capital investido na área de abastecimento subiu 14% em função de empreendimentos para melhoria da qualidade dos combustíveis e do processamento de petróleo pesado.

Pré-sal
O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, afirmou hoje que o custo atual de US$ 40 a US$ 50 por barril de petróleo pode não só viabilizar a produção no pré-sal brasileiro, como até mesmo estimulá-la. Isso porque, segundo ele, a faixa de custo do barril de petróleo em águas ultraprofundas custa entre US$ 35 e US$ 80. "As acumulações no pré-sal estão na faixa inferior deste estudo. Ou seja, áreas produtoras com custo mais alto tendem a não ter mais investimentos ao longo dos próximos anos, se a tendência do preço atual se mantiver, o que deve favorecer a exploração em áreas com custo mais baixo, como é o caso do pré-sal brasileiro", disse Gabrielli, na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).

Ele destacou que, com a manutenção dos preços atuais do barril na faixa dos US$ 40 a US$ 50 já existem condições financeiras para justificar os investimentos no pré-sal. "Isso quer dizer que além das excelentes condições geológicas que nos apontam boas possibilidades para os novos reservatórios, estamos considerando que temos condições econômicas de viabilizar a extração deste petróleo a custos adequados. Temos possibilidade física e econômica. Falta condição técnica e financeira", comentou.

Gabrielli aproveitou para justificar a opção da Petrobras por realizar os investimentos mesmo em momento de crise, alegando que apesar das "incertezas atuais na economia serem maiores do que a média enfrentada em outras fases, não dá para cancelar o futuro". "As pessoas vão continuar andando de carro, vão continuar consumindo, mesmo que temporariamente tenham reduzido estes investimentos."

Redução de custos
O presidente da Petrobras voltou a afirmar a empresários, executivos, técnicos e fornecedores do setor, que a estatal vai travar uma queda-de-braço para a redução de custos em seus novos empreendimentos para o período entre 2009 e 2013.

"O preço do barril de petróleo caiu a um terço do que estava cotado em julho (de 2008). E mesmo sabendo que os custos de máquinas e equipamentos não vão cair na mesa proporção, queremos uma queda maior do que a que vem sendo projetada pelos analistas", disse. Segundo ele, há consultorias que apontam a perspectiva de queda de preços de 13% no setor de abastecimento e de 18% da área de exploração e produção. "Achamos pouco. Queremos muito mais do que isso", disse ao detalhar o plano de negócios da empresa para o período de 2009 a 2013, que prevê investimentos de US$ 174,4 bilhões.

Tupi
Gabrielli sinalizou a possibilidade de a estatal antecipar de 2014 para 2013 a primeira plataforma do tipo FPSO de produção de óleo em Tupi, com capacidade para 120 mil barris por dia. A área, que possui reservas identificadas de 5 bilhões a 8 bilhões de barris de óleo equivalentes, já terá a partir de abril um Teste de Longa Duração que vai extrair 20 mil barris de óleo por dia. No final de 2010 começa a operar na área o Projeto Piloto de Tupi, com capacidade para produzir 100 mil barris por dia.

A FPSO citada por Gabrielli está entre as oito embarcações que a Petrobras pretende encomendar ainda este ano junto ao mercado, e que terão seus cascos construídos no dique seco da estatal no Rio Grande do Sul. De acordo com Gabrielli, seis destas deverão operar em Tupi já em 2014. A previsão, segundo ele, é que em 2015 do pré-sal estejam sendo extraídos 582 mil barris de óleo por dia e mais sete milhões de metros cúbicos diários de gás. Em 2020 serão 1,8 milhão de barris por dia mais 40 milhões de metros cúbicos de gás natural. Além de Tupi, entram em 2013 os projetos pilotos de Guará e Iara, com capacidade de 100 mil barris por dia cada.

Gabrielli também voltou a afirmar a intenção da Petrobras de antecipar "ao máximo possível" a produção do pré-sal na região do Parque das Baleias no Espírito Santo, onde a estatal já possui infraestrutura instalada devido à produção existente no pós-sal. "Além disso, as condições geológicas de lá dão maior facilidade para a produção e podem gerar caixa o mais rápido possível"

Fonte: Estadão