A consequência mais evidente da crise econômica para os departamentos de tecnologia, de qualquer empresa, é a redução, ou no mínimo a manutenção, do orçamento. Entretanto, a pressão das áreas de negócio, como sempre, é por melhoria contínua nos processos, o que envolve, necessariamente, os sistemas de informação. Ou seja, a fatídica frase “fazer mais, com menos” nunca foi tão repetida.

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De certa forma, a preocupação é legítima. A recessão e a queda no consumo impedem a implantação de projetos grandiosos, mesmo que, no longo prazo, tragam benefícios para a companhia. Por outro lado, os CEOs se perguntam: como aproveitar as oportunidades que chegam com a crise sem investir em tecnologia?

Pressionados, os CIOs buscam de todos as formas entregar o que foi pedido. E, quando a questão de redução de custos é colocada sobre a mesa, invariavelmente, a possibilidade de terceirizar é cogitada. “O outsourcing é uma boa opção para quem precisa resultados mais rápidos”, afirma Pedro Bicudo, sócio diretor da TGT Consult. O problema é que nem sempre a saída mais fácil é a mais correta.

Os fornecedores estão apostando fortemente no crescimento do outsourcing este ano. A PromonLogicalis, por exemplo, está investindo em soluções verticais para ganhar setores estratégicos, que, mesmo com a crise, devem continuar crescendo, caso da indústria de construção civil, por exemplo, que deve receber investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), instituído pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo Rodrigo Parreira, diretor executivo da companhia, em muitos casos, por não se tratar do core do negócio, as empresas investem em infraestrutura de tecnologia de forma, até certo modo, primitiva. Deixar o gerenciamento de rede ou mesmo de equipamentos nas mãos de um fornecedor é uma forma de adquirir um conhecimento específico grande, sem ter de gastar muito tempo ou dinheiro.

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No caso da Sonda Procwork, uma das principais apostas está no Business Process Outsourcing (BPO), que é a terceirização de processos de negócios. “O mercado caminha nesta direção”, afirma José Ruy Antunes, vice-presidente de vendas da companhia. De acordo com o executivo, a tendência é que as empresas busquem terceirizar áreas totalmente automatizadas e que não necessitem de muitas tomadas de decisão, como recursos humanos, por exemplo.

Segundo Bicudo, a expectativa para este ano é que o mercado de outsourcing cresça acima da economia.

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“Acredito que o porcentual vai ficar em 8%”, relata. O desempenho é bom, mas é preciso levar em conta as condições econômicas. Nos dois anos anteriores, as taxas foram maiores, com empresas crescendo até 100%, o que não deve ser repetir em 2009, ressalta o executivo.
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Escolha do fornecedor

Alguns cuidados são básicos na hora de optar por determinado prestador de serviços. “Tem de ter atenção às cláusulas contratuais e tomar cuidado com os SLAs (acordos de nível de serviço)”, diz Bicudo. Caso a empresa exija um nível de serviço muito alto, pode ser que a redução de custos não seja satisfatória.

De acordo com os especialistas, o alinhamento cultural entre cliente e fornecedor é a questão mais delicada.

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“As prioridades precisam ser as mesmas. Nessa relação, em algum momento, quando acontecer um imprevisto, o fornecedor terá de tomar uma decisão. Se as prioridades forem diferentes, é bem provável que ele faça algo diferente do que você espera”, explica Jaci Correa Leite, professor titular da FGV-EASP.

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Segundo Bicudo, esse “choque de culturas” acontece muito em relações com empresas americanas, por exemplo, que tendem a ter processos mais padronizados, sendo que a cultura brasileira é de maior flexibilidade.
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Em alguns casos, a mesma empresa, em diferentes áreas, deve escolher mais de um prestador de serviços, conforme o processo a ser terceirizado.
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“Se eu priorizo a segurança, meu fornecedor tem de fazer o mesmo. E se eu priorizo desempenho, o prestador de serviço também precisa saber disso.

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Ou as empresas se entendem, ou vão acabar tendo sérios problemas”, define Leite.

O professor da FGV, pondera: existem casos e casos. “Há situações em que é possível reduzir custos. Uma é quando a empresa não consegue um ganho de escala maior do que o fornecedor”, explica o professor. Os melhores exemplos dessa situação são os data centers. “É praticamente impossível para uma empresa chegar ao custo de um fornecedor simplesmente porque não tem tamanho suficiente. É como usar transporte público, por mais que um ônibus seja mais caro do que um carro, você acaba dividindo os gastos com outras pessoas”, afirma.

Outra situação em que a terceirização aparece como alternativa é quando se trata de atividades que não estão diretamente ligadas aos negócios. “Por que vou tentar gerenciar minha rede de comunicação, se tem outra pessoa que pode fazer isso?”, questiona o professor. Nesta categoria, se encontram também processos como folha de pagamentos e contabilidade.

Fonte: Estadão