A BP Biofuels Brasil, braço de biocombustíveis da empresa de petróleo britânica BP, vai investir US$ 1 bilhão em usinas de açúcar e álcool em Goiás, segundo informou seu presidente, Mario Lindenhayn. Estes recursos serão utilizados para ampliar a capacidade produtiva da usina Tropical Bioenergia, localizada na cidade de Edéia, da qual a BP já possui 50% do controle, e também na construção de um projeto greenfield nas proximidades da usina Tropical. A expectativa é de que, quando em operação total, as duas processem perto de 10 milhões de toneladas de cana por ano.

Lindenhayn explicou que o investimento em biocombustíveis é estratégico para a BP, que trabalha com a estimativa de que, até 2020, 20% do total de combustíveis consumido no mundo será de biocombustíveis (atualmente são apenas 2%).

Atualmente, a BP é responsável pela distribuição de 10% do etanol produzido no mundo. Dentro de sua estratégia, o Brasil adquire contornos expressivos devido a privilegiada posição de grande produtor de etanol de cana. “O Brasil é o país com a maior capacidade de crescimento na produção de biocombustíveis”, disse Lindenhayn, explicando que, além dos planejados investimentos em construção e expansão, a empresa também está analisando a possibilidade de compra de usinas existentes.

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“Apenas iremos adquirir uma usina e contribuir para o processo de consolidação do setor se esta usina estiver de acordo com as diretrizes da BP e trouxer sinergia para nossas operações” – sendo que o principal ponto desta diretriz é a sustentabilidade e segurança de trabalho.

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“Estamos trazendo para o setor de etanol um conhecimento adquirido no setor de petróleo, onde sustentabilidade e segurança são fundamentais”, afirmou.

Para assegurar esta sustentabilidade, a colheita da cana utilizada da Tropical Bioenergia será 100% mecanizada já nesta safra 2009/10, a primeira completa que a usina irá operar. A Tropical iniciou suas operações no final da safra passada.

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Nesta safra, a colheita deverá ficar em torno de 2,4 milhões de toneladas de cana, a capacidade operacional da usina e depois da ampliação prevista, esta capacidade dobrará para 4,8 milhões de toneladas, a mesma planejada para a usina que será construída ao lado da Tropical. “Queremos construir um cluster em Goiás que nos garanta ganhos de escala com sinergia e facilite o escoamento de nossos produtos”, explica.
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Para o executivo, o fundamental não é correr para atingir volume de produção expressiva mas atender os requisitos de sustentabilidade, higiene, segurança e proteção ambiental praticados no mercado internacional e, desta forma, conquistar potenciais novos consumidores.

Desde que a BP decidiu criar uma divisão de biocombustíveis em 2006, já foram US$ 1,5 bilhão investidos em produção e tecnologia. No Brasil, a BP Biofuels investe, no momento, apenas no etanol de cana-de-açúcar, através da joint que possui na Tropical Bioenergia, onde tem50% das ações. Os 50% restantes são divididos igualmente entre o grupo Maeda e a Santelisa Vale. “Mas a BP também está investindo na produção de outros biocombustíveis como etanol de celulose e o biobutanol no mundo”, disse.

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Nos Estados Unidos, a companhia possui uma joint venture com a Verenium, empresa de biotecnologia, para testar um novo biocombustível que usa como matéria-prima uma série de gramíneas semelhante à cana, mas com capacidade elevada de produção de biomassa, conhecidas como “energy grass”. Segundo o executivo, a primeira planta desta associação para produção comercial do produto será construída na Flórida e o novo combustível celulósico deverá estar disponível em 2012.

Na Inglaterra, a BP possui uma parceria com a DuPont para produção do biobutanol, biocombustível que tem características próximas às da gasolina, o que permite que possa ser misturada em volumes superiores aos autorizados atualmente para o etanol. Segundo Lindenhayn, a primeira planta piloto já está funcionando na Inglaterra e o produto deve ser apresentado ao mercado em 2013.

O executivo não descarta que estes novos biocombustíveis venham a ser produzidos no Brasil.

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“É uma possibilidade já que o país é um grande produtor de biomassa e possui um enorme mercado consumidor. Atualmente, o etanol de cana é o biocombustível mais competitivo em escala mundial, mas daqui a alguns anos o custo de produção destes novos combustíveis também deverão ser menores”, disse.

Fonte: Estadão