Um dos municípios que primeiro sofreram as consequências da crise econômica mundial, Aracruz é também uma das cidades que mais receberão, daqui para a frente, investimentos para a implantação de novos negócios. São mais de R$ 2 bi, que deverão gerar cerca de 6 mil postos de trabalho neste e no próximo ano. Essa situação não se repete em nenhuma outra cidade do Estado num prazo tão curto, nos próximos dois anos.

Mesmo com o município atravessando uma fase de polêmica na área política, com uma série de denúncias de corrupção sob investigação, vários investimentos privados tiveram início. O primeiro foi o das obras do Terminal Aquaviário da Transpetro – subsidiária da Petrobras -, que está sendo construído no Porto de Barra do Riacho. Serão R$ 700 milhões para embarque de gás de cozinha (GLP).

Há ainda um gasoduto, que trará o gás da Unidade de Tratamento de Gás de Cacimbas (UTGC) até o porto e o píer, para que as embarcações possam receber o GLP. As obras do gasoduto já estão na fase final, com obras da empresa Encalço.

Já a parte do píer está a cargo da empresa Carioca Engenharia, do Rio de Janeiro, e todo o trabalho de implantação do terminal ficará a cargo da Mendes Júnior. Essas duas obras ainda estão na fase inicial, assim como a contratação de pessoal. “Ainda não é o pico da obra. Hoje há de 30% a 40% dos trabalhadores que atuarão no processo de instalação”, explicou o secretário de Desenvolvimento Econômico de Aracruz, Divaldo Crevelin.

Outro empreendimento previsto para Aracruz é o estaleiro que a empresa Jurong pretende implantar no Porto de Barra do Riacho, com investimento de R$ 500 milhões e início das obras em 2010. Calculam-se 3 mil empregos na implantação e outros 2,5 mil na operação.

Para a mesma região, também para começar a instalar no próximo ano, a empresa Carta Fabril, fabricante de papel higiênico e toalha de papel, pretende investir R$ 275 milhões para produzir 120 mil toneladas por ano a partir da utilização de matéria prima fornecida pela Aracruz celulose. “Claro que estamos preocupados com os impactos provocados pelo crescimento econômico. O município está se preparando com infraestrutura, com escolas e com qualificação profissional”, enfatiza o prefeito de Aracruz, Ademar Devens.

Crevelin detalha mais esse trabalho e explica que a secretaria de Desenvolvimento tem procurado articular rodadas de negócios, junto com as entidades dos setores ligados às empresas. “Vamos fazer isso periodicamente”, explica Crevelin.

Sine e empresários vão dar prioridade ao trabalhador local
As obras do Terminal da Transpetro em Barra do Riacho – que incluem a construção do gasoduto de Aracruz até Cacimbas, a implantação do píer e do terminal – já garantiram a geração de 1,7 mil trabalhadores da região. No caso do gasoduto, boa parte dos contratados já estão sendo dispensados em função do término das obras.

A preocupação dos técnicos do Sistema Nacional de Emprego (Sine), ligado ao Ministério do Trabalho e Emprego, e também dos empresários ligados ao Movimento Empresarial de Aracruz e Região (Amear) é com a possibilidade de que ocorra uma corrida de desempregados para a cidade em busca de trabalho.

“Certamente todos têm o direito de buscar oportunidades, mas o município não pode absorver mão de obra de fora para todos estes empreendimentos. As empresas responsáveis pelas obras sabem que terão de contratar trabalhadores na região”, explicou o presidente da Amear, Eugênio Cunha.

Para evitar esta corrida, prefeitura, governo do Estado, Senai, Senac e Ifes (antigo Cefet-ES) estão organizando cursos e treinamentos para preparar os trabalhadores necessários para atuar nestas obras. “A empresa Carioca Engenharia, por exemplo, fez 80% das suas contratações via Sine”, explicou o superintendente do órgão em Aracruz, Lino Piona.

O Sine, segundo Piona, vem estruturando cursos para trabalhadores desempregados, com idade acima de 18 anos, na área de construção civil, visando a permitir que sejam aproveitados nestes empreendimentos.

Bom momento
Porto da Transpetro. No Terminal de GLP serão embarcados gás de cozinha e C5+ (gasolina especial utilizada na indústria petroquímica). A obra toda inclui um gasoduto ligado Cacimbas (Linhares) ao Porto de Barra do Riacho e um píer para atracação dos navios que receberão o GLP.

Estaleiro. A empresa Jurong instalará um estaleiro para construção de plataformas de petróleo em Barra do Riacho. O projeto começa a ser implantado em 2010.

Papel. A Carta Fabril, empresa do Rio de Janeiro, quer instalar uma planta em Aracruz para produzir 120 mil toneladas de papel higiênico e toalha de papel de boa qualidade a partir da utilização de celulose fornecida pela Aracruz Celulose.

Qualificação. Quem está desempregado e tem mais de 18 anos pode tentar se qualificar em funções como de pedreiro, carpinteiro, armador, pintor, eletricista e encanador. O Sine, em parceria com a Prefeitura de Aracruz, oferece 475 vagas em Aracruz.

Dificuldade. Informações das empresas mostram que alguns profissionais são mais raros no Estados. O Sine está tentando encontrar pelo menos oito marteleteiros, aqueles profissionais que perfuram concreto ou asfalto com furadeiras potentes do tipo britadeiras, mas não está encontrando no Estado.

Metalmecânica. No segundo semestre, haverá mais vagas para o setor metalmecânico. Do total de contratações previstas pelos empreendimentos em Aracruz, apenas 25% foram feitas até agora.

Fornecedores. Dados fornecidos pela Mendes Júnior, responsável pelo terminal de GLP da Transpetro, mostram que 75% dos seus fornecedores contratados para a obra são de Aracruz e 11% do Espírito Santo.

Contato. O Sine de Aracruz funciona na Rua Padre Luiz Parenzo, 731, Centro. Telefones: (27) 3296-3615 e 3256-3557.

Fonte: Estadão