A extração de petróleo em um ambiente sensível como a Amazônia exige muitos cuidados. No Estado do Amazonas, a extração de petroleo acontece em Urucu, província petrolífera no município de Coari, campo isolado onde só se chega de avião ou de barco. Uma chama onde menos se espera: no centro de uma floresta virgem. De perto, as instalações assustam.
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De longe, nem tanto. É preciso aproximar muito a imagem de satélite para ver os Campos de Urucu.

Uma pista de pouso, um polo de controle e 70 poços ligados por estradas pequenas. Foi a boa quantidade de gás e a alta qualidade do petróleo que levaram o Brasil a assumir o risco de iniciar essa exploração em um ambiente tão sensível.

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O petróleo de Urucu, saindo de uma profundidade de 2.300 metros é um tipo especial, leve, rico em produtos nobres, muito valorizado.

É o melhor petróleo produzido no Brasil. A extração de petróleo não é grande, menos de 2% da produção brasileira, mas dá para abastecer grande parte da Amazônia. Mais do que petróleo, Urucu produz gás. Sai do local todo o gás de cozinha consumido no Norte do país e em parte do Nordeste.

Dos poços também sai um outro tipo de gás, o natural.

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Para aproveitá-lo, está em fase de acabamento um supergasoduto. Ele começa em Urucu, passa por Coari e chega a Manaus.
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O gás vai substituir o óleo que hoje é queimado em termoelétricas. Ele polui menos e é mais barato.
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Então você pode colocar energia em toda essa região a partir do gás que é transportado de forma mais limpa, porque volatiliza, não suja o ambiente”, diz o gerente-executivo de Exploração da Região Norte e Nordeste da Petrobrás, Christóvan Sanches.

O gasoduto vai custar R$ 4,5 bilhões, quase o dobro do previsto. A obra enfrentou chuvas, pântanos e inundações. Alguns tubos tiveram de ser transportados por helicópteros.

Um levantamento das doenças que poderiam atacar os operários teve resultado assustador.

Quarenta e sete doenças tropicais: malária, leishmaniose e até febre do oeste do Nilo. A gente estaria sujeito porque tem uma ave migratória, que pousa na região, e poderia nos contaminar, explica Mauro de Oliveira Loureiro, gerente-geral da obra do gasoduto.

O controle das doenças, no entanto, foi bem-sucedido. Não tivemos nenhum caso de contaminação de malária durante a obra, mesmo tendo períodos em que quase temos nove mil pessoas trabalhando, disse Mauro.
Todo o material usado em Urucu é trazido por balsas. A decisão foi isolar a área do resto da civilização. A construção de estradas de acesso poderia trazer posseiros e madeireiros para uma região de floresta virgem e rios limpos.

No Rio Urucu, vê-se como a intervenção na natureza provocada pela exploração do gás e do petróleo é pequena e localizada. O porto Urucu surge de uma hora para a outra em meio a um ambiente preservado.
Não foi preciso destruir uma larga extensão de floresta para produzir petróleo na Amazônia.

Fonte: Estadão