O cálculo do PIB da construção em 2009, que vem sendo difundido com otimismo pelas entidades setoriais, bate de frente com o cálculo anunciado pelo IBGE. Enquanto as entidades da construção falam em crescimento, aquele instituto, historicamente confiável, revela uma puxada, para baixo, da ordem de 6,3%.
O desencontro é grande e, o desconforto, enorme. A perplexidade se torna ainda maior, quando se observa que em 2008, apesar da crise global que bateu em todas as portas das atividades econômicas, o PIB da construção crescera 8,2%, de acordo com estimativas da FGV Projetos. Assim, como é que de um período para outro poderia ter ocorrido uma queda tão brusca?
Pelos dados disponíveis, o anúncio do IBGE não foi suficiente para abalar a autoestima da cadeia produtiva da construção. Há obras em andamento e, em numerosos casos, o que existe é uma briga para que mais projetos sejam colocados na praça. A falta de projetos é que tem arrefecido o ímpeto de contratantes.
Alguma coisa não está se encaixando nos cálculos. Ou a realidade está errada ou a estatística foi montada em cima de dados que não refletiriam até mesmo os números oficiais (do Ministério do Trabalho), que são os seguintes: no ano objeto da pesquisa (2009), a construção respondeu por 18% dos empregos formais gerados no País. E, de janeiro a dezembro, foram empregados 177.185 trabalhadores nos canteiros de obras abertos com as obras em curso. Esses e outros indicadores poderiam sugerir até um crescimento da ordem de 8% no volume da mão de obra empregada em 2010.
Diante disso, só resta mesmo um acontecimento saudável para todos os interessados: um debate sobre os dados que deram origem aos números difundidos pelo IBGE. A realidade – e a estatística – ganhariam com isso.
Fonte: Estadão
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