Há algum tempo registrei: Em meio à diversidade e gravidade maior ou menor dos escândalos, que pipocam em todas as instâncias envolvendo personagens que parecem emergir das catacumbas mais profundas, um dado fica nítido para a sociedade: um país é o resultado das escolhas que faz. Aqueles que conseguem, mesmo entre os emergentes, elaborar e cumprir um projeto de nação, ganham força, respeitabilidade e arrebanham o apoio e a solidariedade de todas as categorias sociais.
Países assim, com um projeto de nação, acabam se projetando e garantindo a construção do futuro para esta e as próximas gerações. Aqueles, no entanto, que abdicam dessa possibilidade, ficam marcando passo, ensejando ambientes de insegurança que incentivam o que estamos vendo no Brasil de hoje: escândalos no atacado e no varejo, o principal estímulo à instabilidade de toda ordem, sobretudo a violência urbana.
De expectativa em expectativa, o Brasil superou o ciclo dos governos militares e encaminhou-se para a democracia. Um dos objetivos maiores – o crescimento – que deveria vir no bojo da plena liberdade pública, não aconteceu em nenhum dos governos da fase pós-ditadura. E, o crescimento possibilitado no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, movido predominantemente a golpes de concessões e privatizações, derivou para segmentos específicos, prosperando sem a amarração homogênea de um projeto de nação.
A esperança aumentou com o advento do governo do presidente Lula da Silva. O primeiro mandato, no entanto, foi morno, acomodatício, calibrado em planos elaborados mais para transferir renda de quem tinha pouco para quem não tinha nada, do que destinados a construir ou remodelar a infra-estrutura indispensável ao crescimento.
Foi a partir da perplexidade e da desesperança social que o segundo mandato ensaiou mudanças nas políticas públicas. E veio então o Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, cujo impacto vem minguando na medida em que ele é cotejado com a realidade dos fatos. O tempo corre depressa – e corre contra o governo – e os resultados não aparecem, pelo menos, de maneira satisfatória. Crescer é planejar. E, um país, é resultado das escolhas que faz.
Fonte: Estadão
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