O debate Folha/Rede TV! (na noite do dia 12 último) foi pífio porque faltou debate. E o pouco de crispações que houve se deveram a filigranas periféricas que, no fundo, não tocaram nas questões que poderiam fazer parte de efetivas propostas de governo. Serra abusou da primeira pessoa do singular, enquanto Dilma dava relevância mais plural à defesa do governo; Marina foi mais didática nas respostas e na abordagem de temas que conhece em profundidade e Plínio abusou de tiradas engraçadas. Ele poderia ter martelado mais no raciocínio de que bolsa-família é um programa, jamais um direito, mas preferiu parar por aí.

No fundo, a relevância ficou por conta da entrevista concedida pela historiadora Maria Celina D´Araujo, à FSP de segunda-feira, 13. Ela diz que as instituições brasileiras, pelo menos algumas, funcionam sem controle. "O episódio da Receita reflete a falta de controle. Quem controla quem. Quem controla as contas públicas, quem controla os funcionários públicos, as agências. Quem controla o Estado que deveria nos servir. Este é um dos grandes déficits da democracia brasileira".

Sim, doutora Celina: Quem controla quem? Quem controla, por exemplo, o presidente Lula, quando sai a campo – a todos os campos – na defesa de sua candidata? E quem controla o presidente quando ele, a pretexto de condenar os atrasos em obras públicas, desanca instituições fiscalizadoras e ambientais do próprio Estado?

A defesa das instituições e o controle que deve ser exercido sobre elas a fim de que funcionem com eficiência e transparência poderá ser um tema de programa de governo – quem sabe? – para depois das eleições. Mas, até lá, as atenções já estarão focadas em outras coisas e o país terá perdido a oportunidade de debater o que poderia ser de interesse maior do Estado e de sua população.

Fonte: Estadão