Em tempos de eleição, verdades levantam dúvidas e mentiras revoltam os céticos. É como se de repente tudo fosse permitido. Como acreditar em quem? E por que duvidar do quê? Um candidato diz hoje o que vai desdizer amanhã e outro prepara previamente a negação do que hipoteticamente poderá ser acusado.

O eleitor procura caminhar incólume pelo labirinto, mas é difícil equilibrar-se em roteiro tortuoso. Talvez as coisas fossem mais fáceis se os candidatos em que possivelmente confiasse adotassem posição corajosa e não derivassem para neutralidade cômoda. Optar pelo muro é um desserviço político.

Mas quero falar de outra coisa. Dos cronogramas convenientes. Veja-se a entrevista do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli: “Vamos iniciar a produção comercial (do pré-sal) agora, no final de outubro, início de novembro”. As notícias divulgadas dão conta de que a produção comercial começará nos dias 27 ou 28. Portanto, na antevéspera das eleições do segundo turno. Pode até ser coincidência. Mas será uma coincidência para lá de conveniente.

Outra coincidência é o anúncio, ontem (18 de outubro), pela Petrobras, da aplicação de R$ 20 milhões anuais (de um total de R$ 100 milhões) para cinco modalidades esportivas: esgrima, levantamento de peso, boxe, taekwondo e remo. Não se discute a importância desse investimento, a ser feito na conformidade da lei de incentivo ao esporte. O que se discute é a conveniência do cronograma para a divulgação dos milhões. Ele chega na vigésima quinta hora do segundo turno.

Rodolfo Walsh

Nas livrarias, bem trabalhado, enriquecido com novas informações e na ótima tradução de Hugo Mader, o romance-reportagem do argentino Rodolfo Walsh, Operação massacre, publicado pela Companhia das Letras, na coleção Jornalismo Literário. Walsh conquistou o 1º Prêmio de Contos Policiais organizado pela revista Veja e Leia, em 1950 e foi uma vítima da ditadura argentina.

Fonte: Estadão