Em curso, um projeto de primeira prioridade: a recuperação da zona portuária do Rio de Janeiro. São múltiplas as intervenções, todas elas considerando o valor econômico, social e urbanístico de uma ampla faixa atraente da cidade carioca.
O trabalho é tanto e de tal importância, que somente o casamento do setor público com a iniciativa privada torna possível a harmonia dessa aliança em favor da melhoria local.
Não é de hoje que a cidade vem reivindicando uma nova face para aquela área privilegiada, que se abre para a visão de quem chega pelo mar e sensibiliza os que navegam pela história do Rio de Janeiro e param para refletir exatamente ali, naquele ponto onde a expansão urbana carioca começou. Mas vieram os tempos difíceis, superando os períodos considerados bons, do comércio incipiente na fase do Império e, depois, da República. O progresso prosperou em outras áreas e a zona do porto foi, aos poucos, derivando para a decadência.
De repente, o Brasil viu-se no olho do mundo, com a escolha para a Copa e para a Olimpíada. Não fosse isso, certamente o Rio de Janeiro não cuidaria de arrumar a casa para os futuros visitantes e o porto continuaria deteriorado e modorrento, na sujidade de sua estagnação. Com a perspectiva dos eventos, as autoridades se mexeram e resolveram considerar reivindicações antigas da sociedade e, sobretudo, dos urbanistas cariocas. Verificou-se, enfim, que o Rio não é apenas a Barra.
O centro velho e enferrujado tem seus valores. Só precisa mesmo de alguém com vontade política para mexer em sua infraestrutura. E, agora, lá vem o projeto do Porto Maravilha, com suas promessas de revitalização, para fazer ali o que outras cidades já fizeram há muito tempo, em suas zonas portuárias, a exemplo dos projetos realizados em Buenos Aires, com Puerto Madeiro, e Barcelona, na Espanha.
Todos os centros velhos do mundo têm seus valores históricos, estéticos e econômicos. É pena que isso seja descoberto, ou redescoberto pelas autoridades, apenas em ocasiões especiais. Elas se esquecem que, para esses recantos, a partir dos quais a expansão urbana prosperou e garantiu o desenvolvimento local, todas as ocasiões deveriam ser especiais. Contudo, antes tarde do que nunca.
Fonte: Estadão
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