Não há como deixar de louvar essa paineira de 29 m de altura, copa de 39 m de diâmetro e mais de 100 anos de sobrevivência, que contribuiu para alterar o traçado do trecho norte do Rodoanel ao seu redor, em Guarulhos. A obra, com 44 km de extensão, estimada em R$ 6,1 bilhões, estabelecerá ligação com a via Dutra margeando a Serra da Cantareira. Sua principal finalidade é reduzir o tráfego pesado da marginal Tietê.
Pelo histórico do traçado, um dos lotes passaria como um trator pela paineira, a exemplo do que vai ocorrer, inapelavelmente, sobre cerca de 2.100 imóveis, o que implicará o desalojamento de pelo menos 2 mil famílias. A paineira, que tem em sua rugosidade e nas amplas ramagens um pouco da história do crescimento local, é um bem tombado pelo patrimônio. Ela e seus defensores resistiram bravamente às investidas do que pretendiam removê-la do caminho e, ali, continuará. Teme-se, hoje, pelo destino das famílias. Pelo histórico das desapropriações a gente sabe o que pode acontecer com elas.
Mas, há outra notícia. O consórcio liderado pela hispano-chinesa Repsol Sinopec acaba de descobrir o que, segundo ele, é a maior descoberta de petróleo da reserva do pré-sal na bacia de Campos. Ontem, a divulgação desse fato já inflava as expectativas dos municípios que se encontram na área de influência da bacia. O mercado imobiliário se eriça; as prestadoras de serviços se movimentam.
Contudo, é necessário cuidados, do ponto de vista de planejamento urbano e de medidas de infraestrutura a fim de que descobertas dessa ordem contribuam para o progresso e a organização das cidades, não eliminando outras vocações econômicas que também as distinguem. A vida não é apenas o pré-sal.
Fonte: Estadão
Compartilhar
Compartilhar essa página com seus contatos!