O ministro dos portos Leonidas Cristino anunciou hoje (20) o início dos trabalhos para a derrocagem da pedra de Teffé, localizada na margem direita do canal de navegação do Porto de Santos, próxima ao Concais. Depois, será a vez da pedra de Itapema, próxima à margem esquerda. O início dos serviços – perfuração e carregamento com explosivos – foi definido depois de testes preliminares para ajuste da carga necessária para implosão, realizados até 18 de setembro. O desmonte atingirá a cota de 16 metros de profundidade. A obra é executada pela Ster Engenharia Ltda (vencedora da Licitação Pública Internacional), pelo valor de R$ 25.592.142,96.

A derrocagem das pedras é uma obra da Secretaria de Portos (SEP), com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e integra o projeto de aprofundamento do canal de navegação para 15 metros e seu alargamento para 220 metros, também com aporte do Governo Federal. O empreendimento possibilitará o acesso de navios com maior calado e, consequentemente, a expansão da capacidade de movimentação do cais santista.

“A obra, inicialmente prevista para 18 meses, teve seu cronograma reduzido para 3 meses de execução”, afirma o ministro Leônidas. “Isso se deve a dois fatores: os trabalhos acontecerão todos os dias (antes, a programação era uma vez por semana) e o equipamento da empresa vencedora da licitação, a perfuratriz Yuan Dong 007, foi construída especialmente para a atividade, com tecnologia inédita no Brasil”, complementa.

A perfuratriz, de origem chinesa, atua em todo o processo da derrocagem, desde a perfuração da rocha, o carregamento e a preparação do explosivo até a detonação. A embarcação possui dez torres de perfuração capazes de suportar uma coluna de perfuração de 28m de comprimento, com guia para revestimento do furo (casing guide). O navio, com 100,86m de comprimento e 17,6m de largura, é equipado com propulsor lateral de proa, seis guinchos de âncora, duas colunas de apoio de trabalho e outras duas auxiliares.

A derrocagem das duas pedras deve durar cerca de dois meses, permitindo a retirada de um volume de 31.386 m³ (in-situ), sendo 20.126 m³ da Teffé e 11.260 m³ da Itapema. Os fragmentos rochosos serão aproveitados em outros empreendimentos.

O trabalho na embarcação Yuan Dong 007 será contínuo (24h/sete dias). O canal de navegação será fechado por três horas para a preparação. Nesse período, não será permitida a movimentação de embarcações na área de trabalho, que estará sinalizada com bóias. A data das explosões será anunciada em breve.

Proteção ambiental

O empreendimento conta um plano de proteção à fauna existente no canal do Estuário. Para isso, será utilizada uma carga suspensa de pequena intensidade antes das detonações. Uma cortina de bolhas ao redor de toda a área de trabalho será produzida para reduzir o impacto da pressão hidrodinâmica da detonação, controlando a onda de choque gerada.

Durante todo o período da execução da derrocagem, equipes de diferentes áreas estarão atuando, simultaneamente, visando o monitoramento ambiental e a divulgação das atividades. Uma delas, formada por biólogos, vai verificar a presença de espécies de mamíferos aquáticos, como botos e golfinhos, e de tartarugas na área de trabalho da embarcação. No caso de algum avistamento o processo será paralisado. Outra acompanhará a intensidade das detonações para evitar danos às edificações próximas às pedras.

Sinal sonoro

Para informar quem estiver nas imediações das pedras, cinco minutos antes de cada detonação que acontece uma vez por dia, serão tocados seis sinais sonoros longos de 10 segundos cada. Um minuto antes mais um sinal de 10 segundos seguido por no máximo 10 sinais de três segundos cada. Após a detonação e a inspeção da área, um novo sinal longo – acima de 10 segundos – será acionado para a liberação do canal de navegação.

As atividades desenvolvidas durante a derrocagem das duas rochas terão o acompanhamento do Consórcio CHL, contratado pela Secretaria de Portos (SEP) para fiscalização do empreendimento (dragagem de aprofundamento e derrocagem), Companhia Docas do Estado de São Paulo (CODESP), por intermédio de sua Superintendência da Saúde, Segurança e Meio Ambiente, e da Fundação de Estudos e Pesquisas Aquáticas (FUNDESPA).

Fonte: Estadão