Nesse caso, talvez se possa dizer: "Dos males, o menor". O problema não são os projetos de engenharia, nem os recursos previsíveis no orçamento. O problema é a burocracia. É que o se extrai das afirmações do secretário Jurandir Fernandes, de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo.
A gente retoma a linha do tempo e vai verificar, lá no passado, que o grande problema para se fazer metrôs, era a falta de experiência, a carência de técnicas e de equipamentos, que precisariam ser importados, a falta de pessoal qualificado e, a maior das dificuldades: não havia dinheiro, pois um quilômetro de construção de metrô era uma ameaça ao Tesouro. De quebra, estávamos jejunos no conhecimento das armadilhas do subsolo, sobretudo nas áreas centrais. Assim, como romper as camadas de terra e rocha, sem afetar estruturas de edificações pelo meio do caminho, ou de correr o risco de prejudicar redes de serviços? As tarefas eram complexas.
Aquele período aparentemente ficou lá atrás. Assim como acabamos dominando a técnica de construir barragens, acabamos, também, dominando as técnicas de escavar o subsolo para colocar lá embaixo os trilhos e as máquinas do metrô. A arquitetura e a engenharia também se tornaram eficientes na arte de construir estações, conquanto algumas delas, como a do Butantã, venham sendo criticadas pelos usuários. Dizem eles que ali falta funcionalidade, em especial quando a demanda se encarrega de entupir as plataformas e o pessoal fica até sem poder respirar.
Mas, o tempo passou e autoridades da área dos transportes consideram que estamos aptos a construir metrôs. Só existe uma pedra no meio do caminho. Ela está identificada pelo nome: chamava-se burocracia. Ela dificulta o fornecimento das necessárias licenças ambientais.
Está na imprensa, para quem quiser ler, a afirmação redonda do secretário. Ele disse que o governo não tem grandes problemas de orçamento para fazer obras de metrô. "O maior problema é a burocracia".
Sendo assim, é necessário que reflitamos: o maior problema está no próprio governo, não exteriormente a ele. Queremos pedir ao governo que resolva, portanto, o seu próprio problema e vamos fazer metrô.
Fonte: Estadão
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