Considerada o principal eixo de conexão ferroviária do Sudeste com o Nordeste e Centro-Oeste do País, a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) tem importância estratégica na estrutura de logística da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). Seus 8.023 km de trilhos em bitola métrica atravessam mais de 250 municípios em sete estados brasileiros (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Sergipe e Bahia), mais o Distrito Federal. Doze mil vagões e 500 locomotivas transportam, pelos principais pólos de produção aos centros de consumo e portos, cargas como álcool, derivados de petróleo, calcário, produtos siderúrgicos, soja, farelo de soja, cimento, bauxita, ferro-gusa, fosfato, cal e produtos petroquímicos. Justamente por essa importância estratégica, a FCA exige cuidados especiais. Por ano são trocadas cerca de 20 mil t de trilhos e aproximadamente 1 milhão de dormentes têm sido substituídos por outros, de madeira de eucalipto ou de concreto. A correção da geometria é realizada por equipamentos ferroviários de grande porte, operados por equipes próprias especializadas, que sanam as deformações horizontais e verticais da via permanente. Porém, por vir de um longo período de manutenção postergada durante a gestão estatal, além das ações ordinárias voltadas para a sua manutenção, a FCA exige um conjunto de intervenções pesadas, para eliminar os gargalos que impedem o aumento significativo de sua capacidade de transporte. Uma das prioridades da FCA é a construção da Litorânea Sul, variante de 165 km ligando as cidade de Flexal e Cachoeiro do Itapemirim. O investimento, a ser feito em parceria com o governo do Espírito Santo, é estimado em R$ 700 milhões e as obras estão previstas para começar ainda em 2007, dependendo da obtenção das licenças ambientais. Além desse empreendimento, a FCA tem em pauta para este ano um conjunto de intervenções para adequar a malha ao seu projeto de crescimento. São eles: Construção do trecho entre Camaçari-Aratu – O projeto prevê a construção de um trecho de 22 km de ferrovia nos municípios de Camaçari, Candeias e Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador. O custo total do empreendimento é de R$ 78,4 milhões, com parte dos recursos incluídos no PAC. A elaboração dos projetos e estudos está a cargo da Prefeitura Municipal de Camaçari. A licença prévia e de instalação foi requerida pela Prefeitura junto ao órgão ambiental do Estado. Até o final de 2006 foram investidos no projeto R$ 2 milhões. Para 2007 está previsto um desembolso de R$ 64,9 milhões, e para 2008, R$ 38,4 milhões. Construção do ramal de acesso ao Terminal Marítimo Inácio Barbosa (TMIB), em Aracaju – Com extensão estimada em 24 km, o ramal entre Rosário do Catete e Barra dos Coqueiros possibilitará a conexão da FCA com o TMIB, viabilizando fluxos de exportação de toretes de madeira e cimento, tendo como carga de retorno coque, podendo atingir 1 milhão t/ano. O custo da obra é de US$ 90 milhões. Contorno de Aracaju – O projeto visa construir um desvio com 22 km de extensão, com o objetivo de eliminar a interferência do tráfego dos trens na região urbana de alta densidade. Os benefícios são a eliminação dos riscos de acidentes provocados pela comunidade lindeira, dos cruzamentos rodo-ferroviários do centro da cidade e dos transtornos à população. Custo da obra: US$ 108 milhões. Variante Camaçari – Aratu – A construção da variante de 22 km, entre Camaçari e Aratu eliminará a interferência do tráfego da FCA em diversas cidades da Região Metropolitana de Salvador, tirando da circulação local, os trens com mercadorias perigosas. Além disso, a variante permitirá a redução de tempo de viagem em 1:50h, e a diminuição do roubo de carga e acidentes. Valor obra: US$ 78,5 milhões. Revitalização do trecho Juazeiro – Aratu – A meta é recuperar 523 km de um dos trechos menos produtivos da malha da FCA, que liga Juazeiro (BA) à Região Metropolitana de Salvador. Para o empreendimento a empresa trabalha com dois cenários de investimentos. Um de R$ 283 milhões, que capacitará o trecho para a passagem de trens com 20 t. Outro de R$ 477 a 530 milhões, para trens mais pesados. O valor varia também de acordo com a quantidade de pátios de cruzamento projetados. No escopo do projeto está a adequação da via permanente e de pontes, pátios de cruzamento e postos de abastecimento. No primeiro cenário, as obras durariam três anos, e no segundo, quatro anos. A engenharia financeira prevê uma parcela de participação de investimentos públicos da ordem de R$ 369 milhões. Contorno de Cachoeira – São Félix – Trata-se de um gargalo histórico, que causa restrições operacionais e transtornos à comunidade local. A construção do contorno, de 17 km, incluindo uma ponte de 600 m, busca eliminar os riscos de acidentes, principalmente por conta da circulação de produtos perigosos no centro urbano, além de outros transtornos causados às duas cidade históricas, aumentar a segurança operacional, reduzir o tempo de viagem em 2:30h por trem, e aumentar da capacidade do vagão de 72 para 80 t. O valor da obra é de R$ 110,2 milhões, com financiamento da União através do PAC. As obras foram iniciadas em julho de 2006 e têm previsão de conclusão para 2010. Até o ano passado foram desembolsados R$ 29,12 milhões. Em 2007 deverão ser desembolsados R$ 85,1 milhões, e no ano seguinte, R$ 25,1 milhões. Ferrovia Bahia-Oeste – Prevê a construção de 640 km de via, conectando a região agrícola do oeste baiano à Região Metropolitana de Salvador, permitindo acesso ao Porto de Aratu, com capacidade potencial no médio-longo prazo para 3 milhões t/ano (granéis agrícolas e fertilizantes). A via aumentará a competitividade da produção agroindustrial, atraindo ainda outros empreendimentos associados. O custo da obra é de US$ 2,2 bilhões. Ferrovia da Integração – A via, com 535 km, promoverá a integração entre Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo, atendendo ao transporte de madeira para abastecimento das fábricas de celulose (Bahia Sul, Aracruz e Veracel), com demanda superior a 10 milhões t/ano. Custo da obra: US$ 1,7 bilhão. Ferrovia Rio Verde – Goiandira – O projeto, com 300 km de extensão, vai integrar importante região produtora de grãos à malha da FCA, aumentando a competitividade das exportações. Custo da obra: US$ 1,1 bilhão. Ferrovia Unaí – Pirapora – Integrará a região noroeste de Minas Gerais e estenderá a sua área de influência até Goiás e o Distrito Federal. A ferrovia terá 285 km de extensão, ao custo de US$ 787 milhões. Revitalização do trecho Corinto – Pirapora – O projeto s

ervirá de incentivo à produção de soja da região noroeste de Minas, utilizando a infra-estrutura já existente, de 150 km, a ser revitalizada, incluindo 40 pontes. Custo da obra: US$ 149 milhões. Variante Patrocínio – Prudente de Morais (Serra do Tigre) – O corredor de exportação GO/MG/ES tem hoje como principal gargalo o trecho denominado Serra do Tigre, localizado entre Ibiá (MG) e Garças de Minas (MG), o qual limita o crescimento das exportações do agronegócio. O projeto prevê a construção de uma variante com 450 km, a um custo de US$ 2,3 bilhões. Travessia de BH – A Região Metropolitana de Belo Horizonte constitui-se no principal gargalo do corredor GO/MG/ES, limitando sua capacidade em 12 pares de trens por dia. A construção da via alternativa está estimada em US$ 143 milhões. Ferrovia Litorânea Sul – Com custo previsto de US$ 300 milhões, a variante Litorânea Sul substituirá outro que cruza um trecho montanhoso da FCA entre Vitória e Cachoeiro do Itapemirim. Os principais setores atendidos pelo empreendimento são: siderúrgico, celulose, rochas ornamentais e cimento, com potencial de curto prazo de 4 mil t/ano. Para ser atendido o volume potencial de carga geral seriam necessários 400 caminhões por dia na BR-101 Sul. Acesso à Sepetiba – A ligação da FCA ao porto de Sepetiba cria um novo corredor para escoamento da produção dos Estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, alavancando o desenvolvimento regional e fortalecendo as exportações brasileiras. Custo da obra: US$ 252 milhões.
Fonte: Estadão