A Revap, que responde por 15% do processamento de derivados de petróleo no País, vem passando por significativa modernização, com o objetivo de atender às exigências ambientais e oferecer produtos mais limpos

Com 80% das obras já finalizados, a modernização da planta industrial da Refinaria Henrique Lage (Revap), quarta refinaria do estado de São Paulo em processamento, localizada em São José dos Campos, deverá totalizar um investimento de US$ 3,5 bilhões. A conclusão dos trabalhos deverá ocorrer em 2011.

Dentro do projeto em desenvolvimento, novas unidades estão sendo construídas com objetivo de oferecer ao Brasil combustíveis de qualidade, ambientalmente limpa, com segurança e sem dependência externa.

De acordo com a Petrobras, a modernização terá, como consequência, elevação do faturamento da refinaria em 6,5% e a arrecadação do ICMS em 15%, já que a unidade estará adaptada para processar, percentualmente, maior volume de petróleo nacional e produzir derivados mais adequados do ponto de vista ambiental, de alta qualidade e maior valor agregado.

A refinaria, que completou recentemente 30 anos de atividades, processa 40 milhões de litros de petróleo por dia e seus principais derivados são nafta petroquímica, óleo diesel, gasolina, gás de cozinha, óleo combustível, asfalto e querosene de aviação. Este produto atende integralmente à demanda do Aeroporto Internacional de Guarulhos, além de outros aeroportos no Estado. Atualmente, ela abastece principalmente o Vale do Paraíba, sul de Minas, litoral norte de São Paulo, sul Fluminense e Grande São Paulo. Os principais produtos de exportação são o asfalto e o óleo combustível.

O gerente geral da Revap, Cláudio Pimentel, informa que, desde 2006, as obras já mobilizaram grande número de trabalhadores, registrando no mês de novembro último mais de 14 mil pessoas engajadas na construção das novas unidades. Deste total, 66% dos trabalhadores são da região de São José dos Campos, Jacareí e Caçapava.

As novas unidades terão capacidade de reaproveitar a água usada nos processos produtivos e de minimizar a geração de resíduos. A substituição de óleo combustível por gás também irá reduzir o nível de emissões e melhorar a qualidade do ar. Um complexo industrial será responsável pela conversão do óleo combustível em diesel e gasolina de melhor qualidade, adequação da produção de gás combustível, GLP (gás de cozinha) e coque, além de aumentar o refino de petróleo nacional mais pesado.

O presidente da estatal, Sérgio Gabrielli, destaca que a Revap tem grande importância para o Sistema Petrobras. É dessa unidade, segundo ele, que saem 14% dos derivados de petróleo produzidos pela companhia: “O investimento destinado para a melhoria dos produtos, o processamento de uma carga de pré-sal de Tupi e o abastecimento praticamente integral do aeroporto de Guarulhos com querosene de aviação (QAV), são provas dessa relevância”.

A planta detém as seguintes certificações: ISO 9002 (qualidade de processos), ISO 14001 (Meio Ambiente) e OHSAS 18001 (Saúde Ocupacional e Segurança).

Atualização produtiva

Concluída a modernização da Refinaria Henrique Lage (Revap), em São José dos Campos, a Petrobrás começará finalmente a produzir combustíveis que atendam à legislação ambiental da Agência Nacional de Petróleo, com menores índices de emissão de C02.

O amplo projeto de atualização produtiva engloba também as unidades de Paulínia (SP), Mataripe (BA), Duque de Caxias (RJ), Araucária (PR) e de outras nove cidades no Brasil que abrigam unidades da área de refino da empresa.

A modernização, além de objetivar a redução dos teores de enxofre da gasolina e do diesel e, ainda, de viabilizar em maior escala a conversão do óleo combustível em gasolina, querosene de aviação e gás de cozinha, também busca ganhos na qualidade do ar da região, com a redução de 96% das emissões de SO2.

A nova unidade de tratamento de gasolina utiliza tecnologia francesa, que permite a remoção de grande parte do enxofre da gasolina, substância que contribui para a formação da chuva ácida. O enxofre retirado poderá ser utilizado na fabricação de diversos produtos. A estimativa é que 80% do óleo combustível
sejam convertidos em produtos de maior valor agregado. Com a substituição dos processos, o teor de enxofre da gasolina e do diesel será até 40 vezes menor. No caso da gasolina, será reduzido dos atuais 1.000 ppm para 50 ppm, e do diesel, de 2.000 ppm para 50 ppm.

O empreendimento contempla ainda a Unidade de Reforma Catalítica, que produzirá uma gasolina de alta octanagem, semelhante à usada na Fórmula 1. As Unidades de Gasolina de Tratamento e Reforma Catalítica terão baixo consumo de energia e utilizarão gás natural para geração de calor.

Para se tornar autossuficiente na área energética, a Revap, a exemplo de três outras refinarias da Petrobrás, tem instalado um turboexpansor, que é capaz de gerar 22 MW de energia. Segundo as estatísticas, para cada 22 MW, deixa-se de emitir para a atmosfera, em média, 500 mil t de gás carbônico por ano.

Revap em números

Faturamento 2009: R$ 10,6 bilhões

ICMS 2009: R$ 684 milhões

IPTU 2009: R$ 3,7 milhões

Empregados: 879 (próprios) e 1.160 (contratados)

Investimento em obras: US$ 3,5 bilhões

Geração de empregos: 14 mil no pico da obra em 2009

Qualificação da mão-de-obra local: 7.195 trabalhadores

Área total: 10,3 milhões m2

Área construída: 1,6 milhão m2 (instalações industriais e demais edificações)

Localização: São José dos Campos (SP), Vale do Paraíba, perto dos portos de São Sebastião e Santos

Consórcios de empreiteiras

– BVC (Camargo Correa, Promon e MPE)

– Gasvap (Odebrecht, Promon e UTC Engenharia)

– PDT (Potencial e TKK Engenharia)

– QI (Queiroz Galvão e IESA)

– Ecovap

Empresas envolvidas

– Barão Engenharia,

– H.Henfil

– Barefame Instalações Industriais

– Confab Equipamentos, Orteng

– UTC Engenharia, Construcap

– Santa Bárbara

Reuso de água

Um dos diferenciais da modernização da Revap está no novo sistema de reuso de água industrial. A empresa investiu na pesquisa sobre a aplicação de biorreatores a membrana (MBR), eletrodiálise reversa (EDR), membranas de osmose reversa, ultra e microfiltração, filtros de carvão ativado e de cascas de nozes, a serem adotadas em diversas de suas plantas. O intuito era o de, na primeira etapa, economizar 650 milhões l/mês de água, equivalente ao consumo de uma cidade de 150 mil habitantes.

A obra foi dividida em duas lic
itações, uma para construção da nova estação de tratamento de despejos industriais (ETDI) e outra para a estação de tratamento de água (ETA), responsável por polir o efluente tratado para usos mais nobres. A ETA contempla um clarificador de alta taxa lamelar, seguido de filtro de areia e de carvão ativado, mais uma unidade de ultrafiltração (GE Zenon ZW100, para 600 m3/h), outra de osmose reversa (duplo passo e duplo estágio) e o polimento misto de resinas de troca iônica. Dimensionada para 1.100 m3/h, a nova planta produzirá inicialmente o total de 800 m3 de água desmineralizada para alimentar quatro caldeiras antigas e duas novas instaladas na fase de modernização.

Fonte: Estadão