É mais uma experiência da construtora em obra estratégica para a economia. Ela implanta o mineroduto Minas-Rio em área sensível, do ponto de vista ambiental, preservando o traçado ao longo da Serra do Espinhaço
O mineroduto, ora em construção, será estratégico para o escoamento da produção mineral. Foi projetado tendo em vista economia de custos, em comparação aos fretes cobrados pelos sistemas de transporte rodoviário e ferroviário.
O duto percorrerá 33 municípios mineiros e fluminenses em plena Serra do Espinhaço, uma área de extrema relevância ambiental, declarada Reserva da Biosfera pela Unesco. A tubulação atravessará uma bacia hidrográfica onde se localizam cerca de 600 cursos d’água, o que justifica as preocupações ambientais. A região é muito acidentada em Minas Gerais e de topografia um pouco mais suave no trecho final, no Rio de Janeiro.
Para o andamento dos trabalhos, em ritmo mais rápido, foram abertas várias frentes de obra, simultaneamente, a maior parte concentrada nos serviços de terraplenagem no trecho 3, área que inclui os municípios do Estado do Rio de Janeiro. A previsão de término dos serviços de terraplenagem é dezembro de 2010. Os trabalhos de escavação para instalação do duto também já foram iniciados.
Dos 24 milhões de m³ previstos no projeto, 10% já foram executados. A tubulação ficará a uma profundidade mínima de 75 centímetros. O equipamento terá 60 centímetros de diâmetro e contará com uma faixa de servidão de 30 metros. Não serão necessárias escavações para a sua manutenção. Serão instaladas oito válvulas controladoras da pressão, ao longo de todo o traçado.
Especificações
O mineroduto terá o diâmetro de 26" até o km 314; 24" do km 314 até km 480; 26" do km 480 até km 525. Está prevista a instalação de duas estações de bombeamento (EB) e uma estação de Válvulas (EV). A EB1 será localizado no km 0; a EB2 no km 239; e a EV no km 347.
A vazão de bombeamento será de 1826 m³/h com 68,0% sólidos em peso. A velocidade da polpa na tubulação será de 1,6 m/s, com pressão na saída da EB1: 186 kgf/cm² e pressão na saída da EB2: 210 kgf/cm². O minério de ferro precisa ser transformado em polpa para ser transportado em duto, saindo da rocha 68% de sólido para ser bombeado na canalização. Na área da mina, o produto é moído no beneficiamento, até ficar em um estado que permita a separação das impurezas, tornando-se um concentrado. O minério vira uma espécie de lama, estado em que se desloca pelo duto em velocidade controlada pelos sistemas de bombeamento. Da origem ao porto fluminense, o transporte é feito e, três dias e meio.
Na unidade de beneficiamento do porto, a polpa é filtrada e aglomerada em forma de pelotas, do tamanho de bolinhas de gude, para ser exportada, principalmente para o mercado chinês. A pelota é mais nobre do que o minério de ferro in natura, sendo utilizada nos altos-fornos das siderúrgicas para a fabricação de ferro-gusa, que, por sua vez, dá origem ao aço.
A dona do empreendimento é a Anglo Ferrous Minas-Rio Mineração S/A., comprometida com investimentos totais de R$ 3,6 bilhões. Os recursos são destinados às instalações da mina de ferro da Serra do Sapo, em Conceição do Mato Dentro (MG), das unidades de beneficiamento nos municípios de Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas, à construção do duto de 525 km, ligando a mina ao Porto de Açu, em construção, no município de São João da Barra (RJ), e à participação da Anglo Ferrous, de 49%, na construção do terminal de minério de ferro no porto. Só a construção do mineroduto está orçada em cerca de R$ 1,5 bilhão.
Fonte: Estadão