Um homem e o seu tempo. Livro do professor Robson Mendonça Pereira – Washington Luís na administração de São Paulo (1914-1919) – recém-publicado pela Editora Unesp, recompõe a figura do político do antigo Partido Republicano Paulista (PRP) na administração da Paulicéia e na administração do Estado de São Paulo. O livro até poderia estender-se mais um pouco, vincando a participação dele na política nacional, quando as elites paulistas e mineiras indicaram-no candidato à presidência da República. Eleito, seu governo navegou por águas econômicas turbulentas e ele acabou deposto pelo movimento militar de 1930.
Mas, quem foi esse político que provocou tantas polêmicas, procurou modernizar a cidade de São Paulo, depois o Estado e criou dístico “Governar é construir estradas”?
Não se trata de uma biografia, mas de um estudo bem calibrado, apoiado em diversas fontes, que mostra o papel de Washington Luís como administrador austero, atuando nos limites dos compromissos políticos de sua época e que, apesar disso, conseguiu “imprimir um toque pessoal nos projetos urbanísticos elaborados para a cidade, desde o período do conselheiro Antônio Prado”.
Uma curiosidade que ainda apanha muita gente desprevenida está no fato de que ele não era paulista. Era da cidade fluminense de Macaé, formado, no entanto, pela Faculdade de Direito de São Paulo e que se dedicou à advocacia no interior paulista, em Batatais, onde acabou dando os primeiros passos na política.
Eleito prefeito no bojo de negociações partidárias que condicionariam a administração, Washington Luís atentaria para as intervenções urbanísticas, retomando o Plano do arquiteto paisagista Bouvard que previa amplos melhoramentos no Parque Anhangabaú, obras na várzea do Carmo, futuro Parque D. Pedro II e a remodelação do Chafariz dos Piques e do Largo da Memória. Este logradouro seria muito difundido anos depois, por conta do título do romance de José Geraldo Vieira, Ladeira da Memória. No largo, destacava-se um obelisco, lembrando que era dali que partiam os bandeirantes paulistas rumo ao sertão. A concepção e a construção daquelas obras ficaram sob a responsabilidade do arquiteto franco-argentino radicado em São Paulo, Victor Dubugras.
Washington Luís teria também papel importante na ligação da Paulicéia (compreendendo aí o núcleo central da cidade) aos bairros periféricos modernos que começaram a ser criados pela City of São Paulo Improvements. Vitor Freire, conforme nos conta Robson Mendonça, intermediou o contato dos incorporadores da City com dois grandes proprietários de terrenos na cidade – Cincinato Braga e Horácio Sabino – provocando o surgimento do Jardim América e, depois, dos bairros Pacaembu, Alto de Pinheiros, Boaçava e Alto da Lapa.
Mais tarde, ainda prefeito, Washington Luís ligaria sua imagem à de homem empreendedor, ajudando a realizar na capital paulista, em 1917, o 1º Congresso Paulista de Estradas de Rodagem. E, como governador, abriu as estradas que favoreceriam a circulação dos primeiros automóveis na capital e em várias cidades do interior.
Durante o seu governo ocorreriam dois eventos históricos importantes: a greve de 1917 e a epidemia de gripe de 1918. Contudo, nem esses fatos, nem a chamada Lei Celerada que ele criou na presidência da República, censurando a imprensa e colocando na clandestinidade o Partido Comunista Brasileiro, foram suficientes para empanar o destaque que ele adquiriu como empreendedor. O livro do professor Robson Mendonça Pereira, embora circunscrito ao período 1914-1919, deixa que o personagem se solte anos afora e alcance a nossa época. Esse, o poder da história. E do historiador.
Memória da engenharia
Há exatamente 49 anos começava a funcionar a usina hidrelétrica de Três Marias, no rio São Francisco, construída com recursos da então Comissão do Vale do São Francisco (CVSF), sob a administração da Cemig. Foi um marco, em sua época, com barragem de 2.700 m de extensão e capacidade instalada inicial de 396 MW
Frase da coluna
“O cenário econômico de pleno emprego vivido pelo setor requer o aumento da produtividade para conseguirmos atender à demanda sem gerar inflação – o que se tornará possível com investimentos em tecnologia”.
De Sérgio Watanabe, presidente do Sinduscon-SP
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