Um recado, discreto, dos empresários, ficou abafado no silêncio das amplas salas do palácio presidencial, em Brasília. Mas ecoou alto o suficiente para que nenhum dos participantes da reunião com a presidente Dilma Rousseff com os representantes do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro o esquecesse, dias depois do evento. Cada um pegou o seu jatinho particular e seguiu para os estados de origem, mas o recado foi dado. Ele dizia respeito aos riscos que o processo, acelerado, da desindustrialização, está causando ao país.  

No encontro, a presidente falou metaforicamente do “espírito animal” do empresariado brasileiro. Referia-se à necessidade da exposição de garra, de coragem, para investimentos nas atividades produtivas, sem as quais a economia se encolhe e acaba acuada, batida, pelos cantos.

Mas, o empresariado já deu, vezes sem conta, sinal de ousadia. Haja vista as garras que tem revelado nas questões das privatizações e, mais recentemente, no leilão das concessões dos aeroportos. Óbvio que há exemplos de bater de asas, de movimentos para não esquentar chão. Um deles está na transposição do rio São Francisco, o que tem suscitado a indagação: Por que as empreiteiras trataram de arrepiar caminho? E, no caso da Transnordestina, por que as obras não andam?

Mas, retornemos àquela reunião palaciana. O que ficou claro foi a mensagem segundo a qual “uma andorinha só não faz verão”.  Os homens do PIB enfatizaram que, nessa questão do aumento das atividades produtivas, não basta ter as garras afiadas. O governo precisa fazer a sua parte. De nada adianta os empresários afiarem as garras e preservar o “espírito animal”, se o governo mantém a taxa de juros na estratosfera, os preços da energia idem no mesmo patamar e deixa a infraestrutura patinando.

A falta daquelas condições para ativar o crescimento  tem impulsionado a desindustrialização interna e induzido a industrialização no país dos outros. Nessa caminhada, ficamos sem os dedos. E sem os anéis. 

Fonte: Nildo Carlos Oliveira