Chegamos hoje, em São Paulo, a uma situação em que não dá mais para se fazer construção, sobretudo destinada a fluxo contínuo de grandes contingentes,  negligenciando o impacto que ela vai provocar no entorno. A propósito, isso não deveria acontecer jamais.

Em anos passados, a cidade ainda tinha fôlego e espaço para suportar mutilações nos  projetos que previam soluções viárias e cujas obras acabavam ficando no papel ou merecendo apenas ajustes de meia-boca. Veja-se, por exemplo, o caso da avenida Juscelino Kubistchek. Ela e seus arredores estão entupidos de edificações. E nada é realizado para que os congestionamentos, que por ali se formam, saiam do lugar.

O que acontece na região da JK tem acontecido em Moema, Vila Mariana, Caxingui, Ibirapuera. Os prédios nascem nesses locais do dia para a noite em cima de uma infraestrutura viária – e de serviços – sempre a mesma. A sobrecarga atravanca tudo e a cidade não respira. Morre à míngua, sacrificando os que aqui moram e trabalham por ela.

Agora está aí o caso do shopping JK Iguatemi, um empreendimento de luxo. A denúncia é de que ele foi construído, mas que só deveria ser colocado em funcionamento depois de concluídas, também, as obras compensatórias para evitar mais um gargalo no congestionamento local. Nada mais justo. Está prevista, ali, a construção de um viaduto ligando a avenida JK à pista auxiliar do marginal Pinheiros; uma quarta faixa na pista local da marginal Pinheiros e  uma ciclovia.

O poder público deve ser rígido em relação ao cumprimento de projetos. Hoje, projetos  desse tipo, sem a observância de obras especificadas que acenem para soluções viárias satisfatórias, e que não considerem até as demandas futuras,  não poderiam sair do papel. E os empreendimentos só deveriam ser entregues simultaneamente às obras previstas para aliviar o impacto que eles vão criar. O desserviço praticado contra a cidade e seus cidadãos já passou dos limites.

Fonte: Nildo Carlos Oliveira