O Serviço Geológico do Estado do Rio de Janeiro (DRM-RJ) iniciou esta semana uma nova etapa do mapeamento de áreas de risco iminente a deslizamentos de encostas com a realização do trabalho em mais 18 municípios fluminenses, abrangendo a região centro-sul e o restante das regiões serrana e do Médio Paraíba. O estado foi afetado no início de 2011 por chuvas que provocaram uma das maiores tragédias já ocorridas no País.

O trabalho começou, no dia 23, por Sapucaia e abrangerá também as cidades de Três Rios, Santa Maria Madalena e Trajano de Moraes, as mais críticas desse bloco, além de Cantagalo, Carapebus, Carmo, Cordeiro, Duas Barras, Levy Gasparian, Macuco, Paraíba do Sul, Porto Real, Quatis, Quissamã, Rio das Flores, São Sebastião do Alto e Valença.
O programa foi iniciado em 2010 e prevê o mapeamento progressivo de todo o estado, até julho de 2013. Outros 18 municípios das regiões norte e noroeste, considerados pelos técnicos do DRM-RJ os mais complicados, já estão sendo mapeados e terão os resultados apresentados em setembro, “antes do período chuvoso”, disse hoje (24) à Agência Brasil o presidente do órgão, Flavio Erthal.

A meta é chegar ao final do ano com essas 36 cidades mapeadas quanto ao risco iminente, de modo a atingir um total acumulado de 67 municípios no estado.  O número engloba os 31 municípios cujos mapeamentos foram entregues em dezembro de 2011.  No primeiro semestre de 2013, Erthal estima que serão mapeados os 25 municípios restantes, todos de menor risco, situados na região litorânea.

Os trabalhos em Sapucaia, efetuados durante oficina técnica que contou com participação da Defesa Civil local e dos moradores, identificaram 39 pontos de risco iminente a deslizamentos de terras. Erthal prevê para agosto próximo o início do trabalho de campo e os sobrevoos nos 18 municípios. “No sobrevoo, a gente vai confirmar se esses pontos (indicados pela população) são  realmente de risco iminente. Aí, o número pode ser reduzido ou ampliado”.
O presidente do DRM-RJ adiantou que, após encerrar o mapeamento do risco iminente, o órgão dará início ao trabalho de elaboração das cartas geotécnicas  de aptidão urbana de oito municípios considerados mais complicados: Teresópolis, Petrópolis, Nova Friburgo, Niterói, São Gonçalo, Mangaratiba, Angra dos Reis e Barra Mansa. O documento servirá para orientar as prefeituras municipais a respeito dos loteamentos e do correto e seguro uso do solo.

“Essa carta geotécnica é uma evolução do trabalho de risco iminente. A gente vai trabalhar a questão da aptidão de uso do solo, para subsidiar  a revisão dos planos diretores dos municípios”, explicou. Flavio Erthal destacou que, apesar dos sérios deslizamentos registrados durante janeiro de 2011 nesses oito municípios, “a expansão urbana continua, as pessoas continuam ocupando, os loteamentos continuam vindo”.

Diante disso, salientou que o trabalho tem de ser desenvolvido em duas fases. Uma inclui a retirada das pessoas de áreas de risco e outra a autorização das prefeituras para novos loteamentos. Isso pressupõe procedimentos prévios geotécnicos, que seriam a carta geotécnica de aptidão urbana, exigida por lei e necessária para a implementação da política de habitação.

Fonte: Padrão